sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Unidade e luta contra as maldades de Temer


Há uma pauta política no comando da Presidência da República – a que impõe a aprovação de medidas que atendam aos interesses do capital financeiro, mesmo que para isso provoquem um verdadeiro retrocesso no desenvolvimento do país e massacrem direitos históricos conquistados pelo povo brasileiro. O pacote de maldades do governo inclui, entre outros projetos, a PEC 55, que limita os gastos sociais do governo durante 20 anos, e a reforma da Previdência, definida como cruel e injusta. 

Na semana passada, para reprimir protestos e isolar o Congresso Nacional durante a votação, em primeiro turno, da PEC 55, parte de Brasília foi ocupada militarmente e a repressão foi violenta.

Para assegurar a aprovação da chamada “PEC da Morte” o governo Temer não tem medido esforços. O Brasil viu nesta quarta-feira (7) o Supremo Tribunal Federal (STF) manter Renan Calheiros à frente do Senado, mas afastá-lo da linha sucessória da Presidência da República para contornar uma grave crise institucional que criou entraves para a votação da PEC. Tratou-se de exemplo da proverbial habilidade dos conservadores brasileiros em torcer a lei arbitrariamente em benefício apenas de seus objetivos políticos imediatos.

São faces da mesma moeda – a repressão violenta que se assistiu em Brasília, na semana passada, e a interpretação adotada ontem. Repressão policial e malabarismo político vistos pela direita como necessários para assegurar a aprovação, no Congresso Nacional, do pacote de maldades que ameaça direitos sociais duramente conquistados com o objetivo de garantir os ganhos para a especulação financeira. 

Os ardis do governo ilegítimo encontram forte oposição na sociedade, sendo motivo de uma alvissareira unidade entre as centrais sindicais que não aceitam nenhum corte de direitos e saem às ruas para manifestar essa oposição. 

Essa ação comum reforça o chamamento à unidade entre os democratas, patriotas e progressistas para que construam uma Frente Ampla capaz de enfrentar o governo dos golpistas em defesa dos interesses dos trabalhadores, dos diretos do povo e da soberania nacional.. Portal Vermelho

sábado, 21 de maio de 2016

O país precisa de perspectivas frente ao governo de desastre nacional

Marcello Casal Jr/Agência Brasi: <p>Brasília - O presidente interino Michel Temer durante cerimônia de posse aos ministros de seu governo, no Palácio do Planalto (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)</p>
Por Valter Sorretino
Jamais se imaginou em tão curto espaço de tempo tamanha dessintonia entre o governo interino e a sociedade. O governo Temer se mostra desastrado, derruba expectativas das conquistas de mulheres, jovens e negros, combate o SUS e o respeito entre países sul-americanos, faz desfeita aos setores culturais, ataca a preparação das Olimpíadas e ameaça de criminalizar as lutas sociais. A lista é interminável.
Amparar um governo em negatividades raivosas não pode ir longe. A primeira de todas, contra a democracia e a Constituição. Às quais se seguem o desmonte, a perda de direitos da previdência, do trabalho, do Bolsa Família, e as medidas antinacionais das privatizações.
Estava claro que isso ocorreria porque é um governo ilegítimo, que não nasce de um debate eleitoral, mas de um golpe. Ainda mais porque é um governo voltado para a base congressual, do centrão e da antiga oposição. É meridianamente claro que o polo de união dos golpistas era o golpe mesmo – tirar Dilma – e a política econômica de "notáveis". O resto é um caldeirão de contradições.
Presidente fraco, disputas na base no Congresso, papel de Cunha como fiador do governo. Sete ministros implicados na Lava Jato. Núcleo duro tem sete PMDBistas da pesada, e 6 da antiga oposição. É a escória golpista, um amontoado de bucaneiros.
Mas nem mesmo a política econômica vai soldar unidade e gerar expectativa. Nela não há nada de notável e de notáveis. Envereda pelo caminho da dominância fiscal, que só aponta para recuperação econômica após 2018 e tergiversa quanto à necessidade de aprovar a CPMF ou elevar a alíquota da CIDE. Vai aliviar a carga de governadores e prefeitos, agravando a questão fiscal, ao mesmo tempo em que desobriga-os aos gastos em saúde e educação. Vai gerar atritos e grande reação da sociedade, ainda mais em ano eleitoral como este de 2016.
A indústria e comércio estão nas mãos de deus, outros órgãos nas mãos do Barão da Mooca no Itamaraty, outros em disputa quanto a quem vai gerir as privatizações, outros ainda no planejamento. Uma algaravia.
Enfim, até o momento, nada indica que esse governo possa aguentar até 2018. Está destinado a ter a desconfiança crescente da população. A própria mídia nacional, zelosa com o golpismo, é desmentida e desmoralizada com a cobertura internacional do que ocorre no país.
Custa a crer que o governo imagine ser a representação da plutocracia brasileira que quer conduzir o país aos mares do liberalismo. No máximo vai ser tolerado para fazer o serviço sujo e aplainar o caminho para o choque liberal. Mas será uma opção perigosa: pode não se viabilizar e nada garante que, com seu fracasso, deixe caminho para a plataforma eleitoral vencer eleições.
Quanto às forças democráticas e progressistas, não devem esperar até 2018 para disputar rumos do país. Ao lado da luta contra o impeachment no Senado e da oposição frontal ao governo ilegítimo, precisam debater mais a proposta de antecipar eleições presidenciais como desfecho para a crise. Um movimento pelo plebiscito para indagar isso dos eleitores é o caminho de manter elevada a resistência democrática, alcançar mais votos no Senado e confrontar o governo Temer. Trata-se de dar perspectiva política sobre qual o rumo se derrubado o impeachment. A soberania do voto popular é o caminho para o desfecho da crise brasileira.

“O PCdoB tem os princípios que acredito”, diz prefeito após filiação


Em 2012, o prefeito Alan Lacerda, do município de Licínio de Almeida, no Centro-Sul da Bahia, se tornou notícia ao matricular os filhos na rede pública de ensino e ao orientar que os secretários fizessem o mesmo.


Ele foi um dos primeiros gestores do país a adotar essa postura, em uma tentativa de revolucionar a administração pública, com foco, principalmente, na educação. Os resultados não tardaram a chegar: o município lidera, há três anos, o ranking estadual do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e está entre os 100 melhor avaliados do Brasil.

Alan Lacerda voltou a ser notícia essa semana ao anunciar a saída do Partido Verde (PV), onde era também dirigente estadual e nacional, já tendo sido o presidente do partido na Bahia. O destino escolhido foi o PCdoB, que fortalece o quadro que possui com a chegada de um dos mais premiados prefeitos do estado. Ao justificar a mudança, Alan disse que no Partido Comunista estão amigos e princípios que acredita, portanto, está à vontade “do ponto de vista pessoal e de ideal”.

O prefeito Alan Lacerda Leite é médico e está à frente da Prefeitura de Licínio de Almeida pelo segundo mandato consecutivo. Para 2016, ele espera construir um nome do PCdoB local para dar continuidade ao projeto que ele iniciou, em 2009, e que tem gerado importantes reconhecimentos – até internacionais -, mas que, sobretudo, tem elevado as condições de vida da população. Confira a entrevista que a nossa equipe fez com o novo militante do PCdoB.

O que motiva o seu ingresso ao PCdoB?

O argumento principal é a história que tem o PCdoB tem no nosso país, com uma trajetória ligada a princípios que eu acredito. São princípios que tendem a levar em conta o bem comum, o bem da coletividade, mas, sobretudo, daqueles que mais precisam. Fora isso, é um ambiente onde tenho inúmeros amigos. Portanto, fico muito à vontade para estar, tanto do ponto de vista pessoal, quanto do ponto de vista do ideal.

O que espera encontrar no Partido Comunista?

Eu entendo a política a partir dos partidos. Os fundamentos que tem o PCdoB e as próprias experiências que são exitosas em inúmeras cidades podem trazer pra gente ideias para avançar um pouco mais, sobretudo nas questões sociais em Licínio de Almeida. Por outro lado, é um ambiente de debate e que permite estudar, compreender um pouco mais profundamente as questões sociais. Não tenho dúvidas de que o PCdoB, como organismo, pode nos ajudar a fazer uma nova leitura da cidade e, sendo assim, contribuir para levar a nossa cidade a dias ainda melhores.

Licínio de Almeida tem se destacado nas avaliações da educação e você ficou conhecido por ter sido um dos primeiros gestores do Brasil a matricular os filhos nas escolas públicas. É a educação a sua prioridade?

Estamos na gestão do município há sete anos e, assim que assumimos, colocamos a educação como a face mais importante. Criamos mecanismos e somamos esforços da equipe inteira e também convocamos a sociedade para essa jornada de tentar dar à educação de Licínio de Almeida a cara da cidade. Ao final dos sete anos, essa parece ter sido a marca consolidada do nosso governo. Por três avaliações consecutivas do Ministério da Educação, conseguimos ter a maior média do IDEB. Portanto, isso nos faz crer que avançamos de fato, apesar de termos ainda um imenso caminho para avançar. Licínio de Almeida se destaca e se desprende dos números da Bahia e eu fico muito feliz da gente consolidar essa marca.

Quais os objetivos para 2016?

A nossa ideia é de um projeto contínuo. Não vale muito pensar de maneira modular, para quatro e quatro anos. A ideia é pensar o município de maneira contínua. Sendo assim, a nossa ideia é consolidar um nome do PCdoB no município que tenha condição de continuar essa ideia. Lógico que, sendo outro prefeito, é possível que o governo seja reorientado, mas, sobretudo na educação, o que nós queremos é que a eleição de um prefeito do PCdoB consolide a ideia para que a educação continue a ser o foco da nossa cidade.

De que forma pode contribuir para o Comitê do PCdoB no município, que se reconfigura, agora, com a sua chegada?

A nossa ideia é de construção coletiva. Então, qualquer pessoa que tenha vivência, mesmo que negativa, e consiga refletir sobre isso, deve ajudar na formação do plano. No nosso caso, o que nós podemos contribuir para o PCdoB é com a nossa trajetória de erros e acertos. Nós erramos em muita coisa, acertamos em muita coisa, e a nossa participação pode se dar na discussão e na construção coletiva, principalmente, nessa história que construímos na educação. Nós, hoje, de fato compreendemos com mais clareza os processos que podem ou não contribuir para um sistema de educação municipal, uma rede municipal, que tenha, de fato, qualidade.




Entrevista concedida ao repórter Erikson Walla

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

QUEM LEMBRA DELES?



Reproduzo aqui entrevistas que fiz  no ano de 2010, com homens e mulheres que faziam parte de um exército de guerra que veio para a Amazônia lutar na selva, atendendo chamado do governo brasileiro para defender os interesses da nação. Cinco anos depois, a maioria já não está mais entre nós. morreram esperando a recompensa prometida que só veio em 2014 numa minguada quantia, graças ao sacrifício da Deputada, Perpétua Almeida, que sofreu duros ataques em campanhas eleitorais, de     políticos que contrários agilização da liberação do beneficio. A reportagens pedia mais              
MAIS RESPEITO A ESSES COMBATENTES DE SELVA. Eles são nos pais, Avôs, Bisavôs e tataravôs.

Edson Machado Portela

Nesta semana a série MAIS RESPEITO A ESSES COMBATENTES DA SELVA, traz o depoimento do Cearense de Cratús,Edson Machado Portela 95 de idade. voz cansada, me recebeu em sua casa no final da tarde de Quinta-Feira , dia 16. num determinado momento pediu para interromper a conversa, alegando cansaço, após um pausa começou a conversar e não parava mais. Diferente de muitos Arigós que vieram para Amazónia pelo esforço de produzir borracha para no período da guerra e motivado pela propaganda de ganhar dinheiro fácil, seu Edson, veio para Tarauacá com seu pai, um irmão e mais de 20 parentes.


" Eu sai da minha terra em11 de Março de 1944, era a época da guerra, a gente tinha que escolher, ir pra guerra ou vir cortar seringa. Pegamos o Navio em Sobral de uma companhia da América do Norte que vinha do Piauí. Eu tinha 30 anos de idade. O ministro da Guerra era o Eduardo Gomes, ficamos três dias em Fortaleza tirando documentos, pegando Instrução e alguns objetos para a viagem, pratos colher, essas coisas. em seguida partimos para Belém.



O nosso navio vinha acompanhado por outro navio para nos proteger dos ataques dos submarinos. O nosso Navio era muito grande, tinha Três andares Trazia umas 2000 mil pessoas. Quando Chegamos em Belém ficamos mais de 8 dias esperando outro navio e pegando instruções. Ai pegamos um Navio da companhia Sinaypa de nome colibri para Manus.


Em Manaus passamos 28 dias, depois pegamos o Navio e viemos até Carauari e ficamos esperando outro navio menor com nome de Chata. Saímos de lá viemos para Tarauacá e depois seguimos viagem direto para seringal União no alto Tarauacá. 

Quando chegamos lá ninguém cnsegui trabalhar, a Cesão ( malária) pegava todo mundo, era muito sofrimento, uns doentes outros morrendo, meu pai e muitos parentes que vieram comigo morreram de Cesão. 


Vendo que lá era difícil, muita doença e ruim de leite, fui parar no seringal Cecy, nas cabeceiras do Rio murú. Fiquei por Lá uns tempos e depois varei pela mata e fui para no Seringal Jaminawá na cabeceiras do Rio Tarauacá, onde trabalhei por muitos anos. na época o sofrimento era grande, não existia médico nem medicamento, a gente se socorria com o remédio da mata. a gente também tinha muito medo das onças, tinha onças demais, quando a gente saia para a estrada esturrava onça para todo canto.


Eu sempre fazia muito borracha pensando tirar um saldo para volta ao Ceará, com muita dificuldade, em 1953 eu consegui voltar na minha terra, mas a maioria dos que vieram comigo morreram e não conseguiram voltar. Morreu muita gente de Cesão nesses seringais, morreu muito mais do que na guerra. Os que foram para guerra hoje ganham aposentadoria muito melhor que a nossa , que sofremos muito mais. dizem há muito tempo que temos o direito de ganhar igual aos que foram oara guera, mas até agora nada.


Nazaré Batista Cruz

Nesta semana a série MAIS RESPEITO A ESSES COMBATENTES DA SELVA, traz o depoimento da Cearense de Quixadá, Nazaré Batista Cruz. Diferente de outros combatentes que vieram para o Acre, ela veio acompanhados os seus pais quando tinha apenas 2 anos de idade. casou se no Acre com apenas 14 anos de idade, depois de muito sofrimentos viu seu marido morrer de impaludismo (malária) e lhe deixar sozinha com 12 filhos para sustentar. Dona Nazaré conta barbaridade que presenciou e viveu nesse período, mas como a maioria dos combatentes de selva, o que ela mais lamenta é nunca mais ter voltado ao ceará e encontrado alguém da sua terra natal. "Nazaré Batista da Cruz e seu Maranhão, com quem casou se após o falecimento do seu primeiro esposo e estão juntos até hoje

Quando eu sai da minha terra e vim para o Acre, eu tinha dois anos, minha mãe que se chamava Raimunda soares da cruz e meu pai era chamado João Batista da Cruz, eles saíram do Ceará em 1940 quando sai de lá eu tinha 02 anos de idade. Lá no Lá no Ceará nos morávamos no município de Quixadá, morava toda nossa família

Quando nós chegamos aqui no Acre eu ainda era pequena e nós fomos morar no seringal Transual no rio Murú. Lá passamos bastante tempo e eu já moçota comecei a ver a exploração dos patrões com os seringueiros que era um verdadeiro carrancismo. Naquela época eu já mocinha e vendo como os patrões do meu pai faziam com os seringueiros.

Eu me arrisquei a cortar seringa para comprar os cortes para eu fazer as minhas roupas. Eu me lembro uma vez que eram dois amigos que vieram do Ceara, aí um deles virou patrão de seringal, e ele assim como os outros, começou a coisas absurdas na hora de pagar o saldo dos seringueiros, esse cearense que se tornou patrão já tinha um buraco na parede da loja que dava certinho no cano do rifre, quando o seringueiro vinha acerta de contas ele entrava dizendo que ia pegar o dinheiro e o seringueiro ficava sentado numa cadeira, lá dentro ele pegava o rifre botava no buraco da parede e metia fogo no seringueiro.

Tudo isso acontecia na frente do barracão, ele matava e ninguém fazia nada, Não existia justiça. Quando foi um dia o amigo dele, que veio do Ceará junto com ele foi acertar de contas, só que ele já sabia de tudo e levou um rifle, quando o patrão ajeitou a conta dele e foi pegar o dinheiro o seringueiro meteu bala nas costas dele.

Eu me casei ainda nova como 14 anos de idade, depois de 10 anos de casada meu marido morreu de impaludismo, morreu a míngua, na época não existiam nem médico nem medicamento, ninguém sabia o que era isso. Se adoecesse só ficava bom por milagres. Meu marido morreu e eu fiquei com 12 filhos para criar, mas eu não esmoreci, levava meus filhos para me ajudar no corte da seringa. Até que arrumei outro marido e tive mais 06 filhos e até hoje estamos casado.

Agora uma coisa que me dói muito é que eu nunca mais tive notícia da minha família que ficou no ceará, eu tenho muita vontade de manter contato como eles, mais, fica difícil, pois não sei de nada sobre eles e o dinheiro da aposentadoria não dá pra comer, comprar os remédios e pagar passagem daqui até o Ceará".



Joaquim Caxias da Silva

Nesta semana a série MAIS RESPEITO A ESSES COMBATENTES DA SELVA, traz o depoimento do Potiguar que em Tupi quer dizer, "comedor de camarão". Natural de Angicos, região Litorânea do Rio grande do Norte. Joaquim Caxias da Silva Seu Caxias nasceu no dia 02 de outubro de 1923, saiu de sua cidade em 1939, quando tinha 16 anos, e chegou ao Acre em 1940 após trabalhar alguns meses nas cidades de Fortaleza, Belém e Manaus. Joaquim Caxias é um dos poucos que teve a oportunidade de voltar a terra natal e ainda encontrar algumas pessoas da família. A seguir seu depoimento.

“A nossa vinda para o Acre deu-se principalmente devido à grande seca que sofríamos no Nordeste. Suportamos dois anos o sofrimento da falta de água, mas fomos obrigados a sair do interior onde morávamos e nos mudar para o Agreste. Permanecemos um tempo lá trabalhando braçal e depois mudamos novamente para a Capital onde chegou o alistamento para vim para o Amazonas, ninguém falava em Acre só em Amazonas.


Embarcamos na capital Natal, no navio Itapé às sete horas da noite e às sete horas do outro dia viajamos. Nossa viagem foi muito arriscada, fomos perseguidos por submarinos, passamos a noite com o navio encalhado, no dia seguinte chegaram dois distróia americano, seguido de um avião chamado zepilinho que nos acompanhou até Fortaleza.

Fomos de Fortaleza para Belém e lá passamos dois meses, esse tempo que ficamos lá, fiquei trabalhando em uma cerâmica de borracha. Depois disso, embarcamos em no navio Almirante Alcerguai para ir até Manaus. Chegando lá, nos hospedamos na “Hospedaria Pensador”, onde fiquei um mês trabalhando, lembro-me que estava justamente nesta hospedaria quando completei 17 anos, e lá fomos listados para vim para o Seringal São Pedro, não sabíamos nada sobre esse lugar, quem nos trouxe foi Jose Afonso do Nascimento , um amazonense.

Embarcamos num gaiola Aimoré e chegamos em Eirunepé, onde fizemos uma baldeação para a Chata Paraíba e nela chegamos até a Foz do Envira, onde estava o patrão que representava o seringal São Pedro. Um seringal abandonado há 35 anos, não sabíamos nem conhecíamos nada, logo fomos chamados de “brabos”. Trabalhamos um bom tempo na foz do Envira, tirando lenha para o navio que nesse tempo queimavam lenha. Depois de concluir o serviço nosso patrão mandou um senhor por nome Gilmar, nos levar até o seringal, aonde chegamos por volta de três horas da tarde, debaixo de uma grande chuva, que demorou até umas sete horas da noite, pegamos a chuva todinha, não tínhamos uma lona sequer para nos abrigar e esconder da chuva. Um dos rapazes que estava com a gente tinha um terçado e um machado sem gume e com eles tiramos palhas de toda espécie, até palha com espinho, porque não conhecíamos nada. Oito horas da noite estávamos com uma lanterna, procurando um cantinho para ficar debaixo e atar as redes. Depois de três dias chegou um enviado do nosso patrão, trazendo uma pedra de amolar e os terçados pra gente fazer um serviço junto com ele. Era um galpão de 25 metros, para acumular as 80 famílias. Ainda não tinha chegado todo mundo, nós éramos os “avulsos”, chamados assim, porque éramos solteiros, fizemos o galpão e depois chegou o patrão com o restante do povo. Foi quando começamos a cortar seringa, e aí, começou a adoecer e morrer gente. Eu fui um dos tais, só em impaludismo foi um ano, quase não fico bom. Muitas vezes por causa dessa doença, caía pela estrada enquanto cortava seringa e quando despertava estava todo mordido por uma formiga chamada taioca. Chegava em casa, tomava um gole de café e voltava de novo para cortar, no final da tarde chegava com o leite jogava no defumador, quando o companheiro chegava da estrada eu já estava caído, ele terminava de defumar, fazia a janta e eu não agüentava mais nem levantar. Fiquei assim durante muito tempo, mas graças a Deus não tive a má sorte de morrer à mingua como muitos de nossos companheiros.

Quando sai de minha terra pensei que iria para a guerra, foi pra isso que me alistei, mas não foi possível, os que tinham quer ir já tinham ido e por isso resolvi vim pra cá. Falavam pra nós que teríamos os mesmos direitos dos que foram para a guerra, isto é, se viesse para o Amazonas como soldado da borracha, pois os que foram para a guerra nem chegaram a batalhar, voltaram antes de chegar lá. Quando eu soube que a guerra já tinha terminado, eu já tava cortando seringa, as notícias demoravam muito pra chegar naquela época. Pensei em voltar depois de anos de trabalho, mas como fiquei doente não consegui fazer borracha para o tanto determinado como eu desejava para poder voltar a minha terra. A partir daí, organizei minha vida casei, construí uma família de 9 filhos e mais 4 adotivos e depois de quase 40 anos sem notícias de minha família, com a ajuda de minha filha mais nova, que comovida com minha história de vida, me prometeu ajudar-me a encontrar minha família.

Eu sempre gostei de ouvir um programa na rádio da cidade de Quito – Equador e certo dia, estávamos ouvindo o programa quando falaram o endereço da Igreja Católica de minha cidade natal – Angicos, minha filha rapidamente anotou o endereço e teve a ideia de mandar uma carta contando minha história e pedindo ao padre que fizesse a leitura na missa pedindo que se um dos presentes conhecessem minha família, avisassem a eles que me escrevessem, minha irmã estava lá e para minha felicidade não demorei muito a receber uma resposta, uma carta enviada por ele contando da felicidade que tinha sido, de como passou mal com o susto e alegria e me falando das notícias boas e ruins, fui quando descobri que não tinha mais pai e mãe já tinham falecido. Mesmo assim, minha vontade de voltar a minha terra aumentava a cada vez que recebia uma carta de minha irmã pedindo que eu fosse visita-la, pois ela sendo mais velha que eu não podia vim me visitar. Nunca saiu do meu coração essa vontade, mas minha esposa vivia doente há muitos anos, desenganada dos médicos e eu não conseguia economizar o necessário para realizar esse sonho. Em janeiro de 2008, fiquei viúvo e com o falecimento de minha esposa, com a qual vive casado durante 60 anos, veio mais forte ainda a vontade de voltar a minha terra, e minha única filha junto com seu esposo e uma ex-nora que tenho como filha, me incentivaram e me ajudaram a realizar esse sonho.










Zè Rodrigues 

O depoimento desta semana é do Cearense José Rodrigues, com 91 anos de deidade. Zè Rogrigues como é conhecido, deixou a família e uma mulher para atender a convocação do governo Brasileiro na segunda guerra mundial. Entre ir para o combate direto com o exercito Nazista e seus aliados, ele optou pela guerra na selva amazónica com as cobras onças e a truculência dos "coronéis de barranco". Zé Rodrigues ficou muito conhecido no seringal Alagoas, onde trabalhou maior parte do tempo, como um negro valente destemido.

O que mais o caracterizava era sua habilidade e frieza na hora de enfrentar um uma briga. Contam os antigos que ele deixou sua fama na região como um dos arigós mais valentes, tendo inclusive participado do movimento de seringueiros contra carestia da mercadoria e o baixo preço da borracha, movimento esse, que se convencionou chamar de REVOLTA DE ALAGOAS, reprimida com força e crueldade pelo Exército.

Conheci Zé Rodrigues em 1985 quando participava de uma reunião no Bairro Ipepaconha para Organizar a associação de moradores da comunidade. mesmo Já quase cego, estava sempre rindo e contando piada. Hoje vive prostrado dentro de uma rede, contudo não perde o humor quando aparece alguém para conversar, está sempre com um radinho de pilha no ouvido para saber o que está se passando no Brasil.
Seu depoimento

Eu vim para o Acre, porque eu era alistado no exército, aí quando a guerra começou, começaram a chamar gente, na época eu tinha casado a pouco tempo em 1942, naquele momento eu não vim, quando foi em 1943, me chamaram de novo, eu não queria vim aí meu irmão disse: vá essa já é a 2ª vez que você é chamado, daí eu decidi vim. Só que eu não queria que minha mulher soubesse daí eu tive que sair fugido dela porque não tive coragem de me despedir”.

Na época veio eu e mais dois irmãos, isso era em Fortaleza, só que nós morávamos no Sertão, na serra, quando nós chegamos para pegar a farda o comandante disse: vocês têm duas escolhas, ou vão para a linha de frente da guerra ou então como soldado da borracha. Nós saímos em três de Março de 1945 no navio chamado Taibé, um navio da Alemanha, quando nós íamos saindo o comandante do navio disse: - “se peguem com Deus porque eu já voltei 2 vezes do meio do Oceano devido os submarinos e os aviões de guerra, agora eu não volto mais”.

Quando foi umas horas da noite o navio ia puxando 25 milhas, daí eu dormi, quando eu me acordei foi pelos gritos, que eu olhei tava pretim de Padre e irmã na proa do navio rezando pedindo a Deus proteção, tinham dado 3 tiros de canhão no nosso navio, a sorte foi que Deus ajudou e não pegou. Quando nós chegamos em Belém, quem vinha para o Acre tinha que jurar a Bandeira, e eu fiz isso bem pertinho de Getúlio Vargas e eu assinei um contrato de 3 anos.

Daí nós pegamos o navio chamado Índio Brasil e se jogamos para o Acre, eu disse logo aos meus irmãos: já que nós estamos aqui eu vou bater onde o sabão não lava. Quando eu cheguei aqui a coisa era preta, começou pelas dificuldades nas estradas, Agente não sabia cortar seringa, os bichos que tinham na mata, as doenças, acordar de 1 a 2 horas da manhã, e ainda mais, se agente desse um tiro a noite esturrava onça para todo canto. Uma vez eu me topei de frente com uma onça, e a bicha me encarou ai eu apontei a espingarda e apertei o dedo, só que eu furei a espoleta e a bicha não disparava, eu joguei ela de lado peguei a faca e disse: - “o risco que corre o pau corre o machado”, ela pulou em riba de mim, eu pulei de lado e finquei a faca, ela correu de mata a fora que eu só escutava a quebradeira na mata.

Era muito difícil a nossa vida aqui, Agente trabalhava muito e nunca dava pra pagar ao conta. pra eu me aposentar como soldado da borracha deu o maior trabalho, isso porque minha casa pegou fogo e meus documentos queimaram tudo, inclusive minha carteira de soldado da borracha que servia como uma identidade. Mas graças a Deus eu consegui, hoje estou com 91 anos, cego devido a mordida de uma cobra papagaia que me mordeu no o olho direito. Construí outra família a mulher Já faleceu e nunca mais voltei ao meu Ceará.



Dona Maria Maura 


O depoimento desta semana, da série: MAIS RESPEITO A ESSES COMBATENTES DE SELVA, é da Cearense, Natural da cidade de Caiçara, Maura Rodrigues. Ela casou se ao 15 anos de idade para fazer companhia ao seu companheiro Regino Braga na grande aventura de ganhar dinheiro fácil na extração da borracha na amazônia. Dona Maura é daquelas pessoas que não gosta de falar muito sobre o sofrimento que passou, seu peito enche logo de emoção. Com os olhos um pouco cinzento e lagrimejando ela falou para RAÍZES E TRONQUEIRAS.

"Eu vim para o Acre aos 15 anos de idade em busca de fortuna, pois no Ceará diziam que a borracha dava muito dinheiro. Embarquei com meu marido no navio Afonso Pena em 1943 e viemos até Manaus, de lá pegamos outro navio com o nome de Sorocaba, nessa viagem eu e tíve um filho, no sofrimento da viagem, sem assistência de saúde ele adoeceu não teve jeito veio falecer".

"Fiquei muito triste porque era meu primeiro filho. Ele foi sepultado em Santarém, lá eu recebi um documento de falecimento dado pelo comandante do navio r seguimos a viagem. Com este documento foi que eu consegui minha aposentadoria de soldado da borracha, eu era aposentada pelo funrural e queria passar para o soldado da borracha, fiz muitas tentativas, mas sem levar o documento de falecimento de meu filho, até que pela primeira vez que levei me aposentei"

"Na viagem do Ceará ao Acre nos navios agente não podia fumar, ascender lamparina e nem conversar eram todosquietinhos deitados em suas redes, e ainda mais, no navio tinhas as divisões de classe das pessoas, eles, comandantes do Navio diziam que os aviões e os submarinos de Guerra podiam a qualquer momento atacar o navio, pois estava acontecendo a guerra".

"Quando eu cheguei aqui em Tarauacá tudo era coberto por matas tinha bem pouquinha casa, aí logo meu marido arranjou um patrão e nós tivemos que ir para o seringal Xapuri nas cabeceiras do Rio Tarauacá. O patrão era o Manoel do Vale. No começo tudo foi muito difícil, ele cortava seringa e eu ajudava colher o leite, sempre com muito medo das onças pintadas, elas rastejavam a gente na estrada, o pessoal falavam que elas chegava até subir nos "pés de burro" pra pegar a gente. Eu tinha muito medo".

"Foi uma luta muito pesada, hoje estou com 83 anos de idade, meu marido já faleceu e nunca mais tivemos oportunidade de voltar "nossa terra natal". mandei várias cartas pra ver se conseguia falar com alguém da minha família e nunca recebi resposta, nunca mais Encontrei ninguém. Hoje ainda estou por aqui com meus filhos,sobrevivendo com minha aposentaria de Soldado da Borracha"


Joaquim Marroque Sancho

Eles já não são muitos na Amazônia, no Acre e em Tarauacá. O sofrimento e o tempo levou a maioria desses Homens e mulheres que que tiveram que comer o "pão que o diabo amassou". Viveram a dor, a opressão, a enganação, a saudade e a solidão. Eles são os Soldados da borracha.

Raízes e Tronqueiras publicará toda semana um depoimento deles que são nossos ancestrais e nossas Raízes. vozes cansadas, a vista não alcança mais a clareira que abriram. os braços já não tem mais força, alguns, as pernas também foram embora. Eles merecem mais respeito.

Soldados da Borracha foi o nome dados aos brasileiros que entre 1943/1945 foram alistados, transportados para Amazônia pelo SEMTA, com o objetivo de extrair borracha para os Estados Unidos da América(Acordos de Washington) na II Guerra Mundial.

Estes foram os peões do Segundo Ciclo da Borracha e da expansão demográfica da Amazônia. O contingente de Soldados da Borracha é calculado em mais de 50 mil, sendo na grande maioria nordestinos, e por vez cearenses.

Os Soldados da Borracha depois de alistados, examinados e dados como habilitados nos alojamentos em Fortaleza(Prado e Alagadiço), recebiam um kit básico de trabalho na mata, no qual constitui-se de: uma calça de mescla azul, camisa branca de morim, um chapéu de palha, um par de alpercatas, uma mochila, um prato fundo, um talher(colher-garfo), uma caneca de folha de flandes, uma rede, e um maço de cigarros Colomy. O ponto de partido para muito deles foi a Ponte Metálica(porto de Fortaleza na época).

As falsas promessas

Foi prometido aos Soldados da Borracha que após a guerra, estes retornariam a terra de origem. Na prática mais da maioria deles morreram de doenças como malária ou pelas atrocidades da selva. Os sobreviventes ficaram na Amazônia por não ter dinheiro para pagarem a viagem de volta, ou porque estavam endividados com os seringalistas(donos do seringais).

O contrário do Pracinhas, estes só foram reconhecidos como combatentes da II Guerra Mundial, em 1988. Com este reconhecimento estes tiveram direito a uma pensão para sobreviver com muita dificuldade.

"Eu vim para o Acre só imaginando na borracha, deixei minha família meus parentes, deixei grandes negócios no Ceará, vim pra cá pelas vantagens e propaganda que ofereciam pra nóis sobre a borracha, naquela época veio Eu e um irmão de criação lá no Ceará nóis morávamos no município de Ubirajara. Naquela época apareceu um cara fazendo propaganda da borracha do Acre e pegando gente pra trazer pra cá aí Eu me animei e disse ao meu irmão de criação: Raimundo vamos para o Acre? Ele não veio, somente eu, embarquei no navio Campos Sales, a viagem foi longa, quando eu cheguei aqui, eu não vou mentir, eu me arrependi".

"Era tudo totalmente diferente do que tinha mostrado pra nóis no cinema. Lá no Ceará eles botaram uma fita de cinema pra nós assistir, nesse filme mostrava agente cortando seringa de bicicleta nas estradas todas bem roçadinhas, igual uma rua aí eu me animei, quando eu comece a cortar seringa a coisa se tornou mais difícil ainda, porque além de eu enfrentar as dificuldades das estradas de seringa ainda tinha que me proteger das onças pintadas e de outros animais da floresta e também das doenças que matava muita gente naquela época como por exemplo, febre amarela, paludismo, malária e outras".

"Eu me desataquei logo como um bom seringueiro, naquela época o bom seringueiro era aquele que fazia de 1000 kg de borracha pra cima, e ainda ganhava um prêmio do patrão que era chamado prêmio do tuchaua. Como eu era um bom seringueiro os donos de seringal me convidaram para eu ser gerente de propriedade, mas como eu já conhecia a fama dos patrões que enganava os seringueiros na hora da pesagem das borrachas, no acerto de contas, não aceitei a proposta mas aí ele insistiu e eu topei, comecei a ser patrão em seringais do Rio Murú".

"Lá presenciei muitas barbaridades de muitos patrões, amarrando seringueiros em palheiras de uricuri e baixando apeia, naqueles que vendiam borracha pra fora, para os chamados regatões, e muitas vezes aquele seringueiro que tirava saldo o patrão mandava matar, aqui no seringal Universo no Rio Tarauacá eu conheço as palheiras de jaci, chega são finas na parte onde amarravam os seringueiros para açoitar e matar, naquela época não existia justiça, a justiça eram 44 papa amarelo".
"Os patrões muitas vezes levavam os seringueiros para um lugar chamado alto do bode, uma terra muita alta, lá eles matavam e depois jogavam lá de cima e as pessoas caíam já mortas dentro de um grutião, depois de alguns tempos apareceu um delegado chamado Carlos Nero, esse chegou com a lei seca mandou prender muitos patrões que cometiam barbaridades com os seringueiros, muitos patões tiveram que fugir embarricados, ou seja, dentro dos camburões baixando os rios rumo a Manaus e Belém com medo de serem preso".

"Hoje estou nessa situação que você ta vendo"

domingo, 22 de novembro de 2015

CONFERÊNCIA DO PCDOB DE TARAUACÁ


Minhas palavras

 A 14° Conferência municipal do PCdoB que se realiza neste  21 de novembro de 2015, não será mera formalidade de normas estatutária, será acima de tudo, um momento para avaliar as atividades desenvolvidas pelo partido último biênio e  para atualizar a nossa orientação política e apontar o rumo e as tarefas de 2016. Ao final, vamos  eleger  a nova direção do partido que terá missão de conduzir  os grandes desafios da batalha eleitoral que se avizinha.

  Trajetória do PCdoB em Tarauacá

Antes de entrar no balanço das atividades mais recente, é importante lembrar que neste ano o PCdoB completa 30 anos de existência em Tarauacá. Qualquer avaliação honesta sobre a trajetória de três décadas dos comunistas no nosso município, mostrará um legado de grandes batalhas e também de grandes conquistas. Aqui ousamos  enfrentar preconceitos contra índios, mulheres,  pobres e jovens. O partido ergueu  bandeiras que não agradava os donos do poder político e as instituições por eles representadas. Ousamos encampar a luta pela democratização da posse da terra, pela valorização do trabalho, o combate a corrupção, a transparência administrativa, os direitos da juventude, a organização dos trabalhadores e a igualdade de oportunidades.  Essas pautas políticas e sociais conduzidas pelo PCdoB e organizações como, Sindicato dos Trabalhadores rurais, Sindicato dos trabalhadores em educação, União das associações de moradores, União Taraucaense de Mulheres, união dos povos indígenas de Tarauacá e união da juventude socialista,  confrontou - se com os interesses de grupos que concentravam o poder político na época e viam seus interesses ameaçados.

Nenhum  outro partido foi tão perseguido quanto o nosso. Mesmo assim se manteve firme e levou adiante a luta pelos direitos do povo de Tarauacá, historicamente negados. Por sua ousadia e coragem, o PCdoB foi o primeiro partido de esquerda do Acre a eleger em 1992, uma bancada de dois vereadores na câmara municipal. Vale ressaltar que a influência do Partido na construção e fortalecimento do projeto da frente popular do Acre e na primeira experiência administrativa da frente em Tarauacá.


Essa  influência conquistada por amplos seguimentos da sociedade Taraucaense , colocou no partido na condição de uma força protagonista nas disputas políticas e eleitorais no nosso município. Em 2016 completa 20 anos que o PCdoB participa de eleições municipais, encabeçando, ou fazendo composições de chapa majoritária. Isso demonstra a confiança e a representatividade que o Partido desfruta perante a sociedade progressista e consciente e mais avançada de Tarauacá.


É importante dizer que nunca foi fácil para o PCdoB,  disputar eleições, especialmente para o comando do executivo.  Historicamente, fomos o partido  mais perseguido e caluniado. Sempre que entramos numa disputa de maior destaque e importância, fomos combatidos pela mentira e o boato aterrorizante das forças conservadoras e retrógradas. No Brasil, enfrentamos quase 50 anos de vida clandestina, sem o direito de se manifestar livremente ou de participar de eleições. Essas dificuldades expressa com clareza  que  não somos um partido de ocasião, mas um partido de profundas convicções, que cumpri uma missão histórica de defender  uma sociedade justa e livre da opressão.

Governo Municipal

Atualmente, somos parte do governo de Tarauacá. Nossa vitória foi resultado de uma ampla aliança das forças democráticas e populares.   PCdoB teve um papel fundamental: Elegemos o vice-prefeito numa composição com o Partido dos trabalhadores e uma bancada de três vereadores na câmara municipal.

 Assumimos governo numa situação de desorganização, dívidas astronômicas , inadimplências e irregularidades. No início todo esforço foi concentrado no sentido de regularizar toda  herança ruim deixada. Mesmo enfrentando uma quadro completamente adverso ,2013 foi um ano marcado por tomadas de medidas moralizadora e conquista de políticas sociais. Iniciamos 2014 numa situação bem mais confortável com destaques para ampliação de serviços e obras de infra-estrutura. Infelizmente, neste mesmo ano, enfrentamos as maiores alagações maiores da história de Tarauacá, que durou mais de quatro meses, causando a destruição de ruas , casas e sérios  prejuízos econômicos e sociais. Após a tragédia, o maior esforço foi concentrado para reconstrução da cidade. Começamos 2015 sofrendo com os reflexos da crise econômica e política que se instalou no país, situação  que inibiu fortemente a capacidade de investimento e ampliação dos serviços públicos.

Com todo o quadro adverso, o governo municipal sobre o comando do prefeito Rodrigo, alcançou imensas conquistas sociais e políticas, marcando um novo tempo e uma nova perspectiva de construção de uma Tarauacá mais desenvolvida e com melhor qualidade de vida. O PCdoB empenhou se como pode para ajudar no desenvolvimento das políticas sociais e da gestão do governo. Diretamente, nas secretarias de saúde, obras, cultura e esporte.

 PCdoB defende, o governo, reconhece as conquistas e nunca vacilou  diante das dificuldades. Essa posição do partido as vezes é confundida por quem ver e faz política de acordo com  as circunstancias. O que nos move é a causa e não a conveniência momentânea. Temos lado, e por isso também autonomia para fazer a critica e a autocrítica. Do modo que apoiamos e reconhecemos as conquistas e os avanços, reconhecemos também os erros e a necessidade de ajustes e correções que são  necessárias para estabelecer maior eficiência administrativa, fortalecer a confiança e  relação com a sociedade, sobre tudo, com os trabalhadores do serviço público, o setor produtivo e os movimentos sociais organizados e com as forças políticas comprometidas.  Tais medidas, precisam também sinalizar com maior clareza, a nossa opção de governança para atender as demandas da população mais humilde

O PCdoB no presente, orienta sua militância no sentido trabalhar pela unidade da frente popular, pela ampliação das conquistas sociais alcançadas e pelo  êxito do governo do prefeito Rodrigo. Apresentado ou não candidato a prefeito em 2016,  para nosso partido é uma necessidade imperiosa, crescer ainda mais sua influencia para em 2016,  compor chapa majoritária e apresentar uma forte chapa de candidatos a vereadores. Tarauacá é um município onde a disputa política  é feita de forma muita acirrada entre as forças democráticas/populares e as forças conservadoras. A conjuntura atual nos impõe grandes responsabilidades para não permitir retrocesso.      Daí a importância das orientações e diretrizes aprovadas na 14° conferência e do seu cumprimento pelos nossos filiados e militantes. cumpri também, á  abertura do Partido á novas filiações de mulheres e homens de bem que queiram tomar partido na batalha eleitoral e na defesa de um Tarauacá para todos seus habitantes .











domingo, 16 de agosto de 2015

POR QUE LULA NÃO ACEITOU SER MINISTRO DE DILMA

Por Ricardo Amaral
Ao recusar um posto no ministério da presidenta Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula produziu um raro momento de grandeza na cena política brasileira. Lula considera indigno de sua história buscar, no foro privilegiado, o salvo-conduto contra as arbitrariedades da hora. Virar ministro seria criar um constrangimento para o governo e para a presidenta. E isso Lula não fará jamais. É assim que se comporta um líder, que não precisa de cargos para exercer a política e dispensa refúgio para a dignidade afrontada.
Na plena vigência do estado de direito, Lula não teria nada a temer. Não cometeu nenhum crime, antes, durante ou depois de governar o País. Sua atividade como palestrante é o resultado da projeção internacional que conquistou. Recolhe impostos pelo que ganha licitamente. Não faz lobby, consultoria nem intermediação de negócios. O Instituto Lula não recebe dinheiro público, nem direta nem indiretamente. Mas, e daí?
No ambiente de terror policial insuflado pela oposição e pela mídia, Lula tornou-se alvo de toda sorte de violência. Agentes do terror lançaram uma bomba na sede do Instituto Lula. Agentes do Estado, que deveriam estar submetidos à Lei e à hierarquia, quebraram ilegalmente o sigilo bancário do ex-presidente e de um de seus filhos. As pegadas sujas do crime estão nas páginas de uma revista sórdida esta semana. Quebraram o sigilo de suas comunicações e, ao invés de denunciá-la, parte da imprensa associou-se à meganha bandida.
Há fortes motivos para crer que o próximo passo seja submeter Lula aos métodos parajudiciais da República de Curitiba: o mandado cego de busca; a condução coercitiva para mero depoimento; a prisão "preventiva" pela simples razão de que o sujeito está solto. Os vazamentos seletivos dos últimos dias desmoralizaram as negativas formais do juiz e dos promotores da Lava Jato: Lula é, sim, o alvo cobiçado da operação. Não para ser processado, pois não há acusação contra ele, mas para ser humilhado diante das câmeras.
No estado de exceção a que se encontra sujeita uma parte do País, ninguém poderia negar razão a Lula caso aceitasse a oferta solidária e leal da presidenta Dilma. Ministro, ele estaria a salvo das arbitrariedades da primeira instância e do terror policial-midiático. Mas Lula não é um ex-presidente qualquer – e nisso é preciso concordar, por razões opostas, com o autor original da frase: Merval Pereira.
O imortal do Globo sustenta que Lula não pode ser tratado como um cidadão de pleno direito, porque continua sendo um líder muito influente cinco anos depois de ter deixado o Planalto. Trapaça da história: o promotor que denunciou Lula na LSN por um discurso contra a ditadura, em 1980, também sustentou que a ameaça à segurança nacional não estava exatamente nas palavras do metalúrgico, mas na influência que ele exercia sobre as plateias.
De volta ao imortal: Lula não pode fazer palestras para empresas contratadas pelo governo (Merval talvez ignore que seu patrão, o Infoglobo, que tem contratos milionários com o governo, já contratou palestra de Lula). O Instituto Lula não pode receber doações empresariais (só o Instituto FHC pode, e pode até receber doação da estatal tucana Sabesp). Lula não pode encontrar governantes estrangeiros (embora seja o brasileiro mais respeitado ao redor do mundo). E, se isso fosse possível, Lula não poderia fazer política.
Este raciocínio autoritário, parcial e preconceituoso sustenta as torpezas cometidas contra Lula (e contra a verdade) pelos veículos e colunistas amestrados sob influência do sublacerdismo tosco e tardio que emana da rua Irineu Marinho. É o que explica as manchetes mentirosas atribuindo a Lula a propriedade de um apartamento que ele não tem, os "voos sigilosos" (em aviões invisíveis?), as "reuniões secretas" (em auditórios públicos, com cobertura da imprensa), os telegramas oficiais grosseiramente manipulados para virar notícia.
Lula é atacado justamente por ser o mais influente líder popular que o Brasil já conheceu. E por ser o maior obstáculo ao projeto regressista e conversador que, frustrada a aventura golpista, por suas contradições políticas e econômicas, precisa eliminar a liderança de Lula antes das eleições de 2018. A Pax Marinho, que ninguém se engane, é um movimento das elites econômicas para garantir a estabilidade necessária ao ambiente de negócios. Não é um pacto para preservar Dilma. E muito menos, para preservar Lula.
O que preserva Lula é sua liderança, sua coerência e seu caráter. Ao recusar o ministério, Lula promoveu um magnífico contraste com personagens políticos, institucionais e midiáticos nesta que é a mais rebaixada quadra da disputa política desde a redemocratização. Enquanto alguns ousam sequestrar instituições, para salvar a pele ou perseguir adversários, e outros se omitem de suas responsabilidades republicanas, por covardia ou conveniência, Lula decidiu simplesmente portar-se com dignidade.
A recusa de Lula é um gesto fundamentalmente moral. É corajoso, porque arrosta a arbitrariedade, e desprendido, porque preserva a presidenta. É mais uma lição do ex-retirante, ex-engraxate, ex-metalúrgico, ex-sindicalista para a educação política desta e de outras gerações. Isso é incompreensível para os abutres que tentam medi-lo pela régua de seu próprio e mesquinho caráter. Lula não é mesmo um ex-presidente qualquer. Lula é um líder.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Marcha das Margaridas e o silêncio da Globo

 Com mais de 70 mil mulheres reunidas em marcha, a defesa da democracia foi uma das pautas da Marcha das Margaridas, além de manifestações de apoio à presidenta Dilma Rousseff. 
Por MARIANA TRIPODE

Fechando mais de seis faixas na avenida no sentido do Congresso, e com uma abertura que seguiu ao ritmo dos vários gritos de mulheres do campo, da floresta e das águas, que mostraram que os ideais de Margarida Alves continuam vivos, mesmo depois dos 33 anos de seu brutal assassinato e o repasse das emissoras ao público brasileiro só poderia ser visto, caso os telespectadores não piscassem os olhos.
A Marcha floriu Brasília. A Marcha é pela dignidade Feminina. A Marcha é por mulheres que vivem escondidas em seus cantinhos e que sofrem a exploração do poder masculino e do machismo a cada dia. A Marcha é pelas mulheres negras, e a Marcha dessas mulheres guerreiras tornou-se apoio decisivo à Presidenta Dilma e ao ex-presidente Lula.
Uma manifestação linda de se ver, que defende direitos sociais e a democracia.
As Margaridas estão nas ruas levando a voz de todo o Brasil, a voz de todas as mulheres, não só do campo, mas das cidades, dos becos, das comunidades, das periferias, das escolas. Em defesa da não redução de direitos da classe trabalhadora, elas estão, acima de tudo, defendendo a igualdade de gênero, um país mais justo, soberano e igualitário entre homens e mulheres.
Representantes do movimento se deslocaram de seus estados no último sábado. Do Acre, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, São Paulo, Goiás, enfim, estados de todo o Brasil. Algumas levaram mais de 40 horas para chegar a Brasília.
A indignação não somente minha, mas de várias mulheres, toma conta de nossos corações, porque uma manifestação que foi potencializada pela histeria midiática dos últimos dias e que levou mulheres nuas às ruas aos gritos de "Fora Dilma, Fora PT, quero um País melhor, sem corrupção" foi reproduzida pela emissora a cada piscada de olho dos telespectadores.
E qual seria a razão da TV Globo ao não mostrar a Marcha das Margaridas em apoio à presidenta Dilma? Será por que não havia mulher pelada? Censuraram o bom senso?
Todo esse processo culmina com a manifestação de nossa dignidade histórica, nossa condição social, nosso grito de luta para que a sociedade não mais silencie diante da exploração, dos modelos de poder que são impostos a nós mulheres, em todas as frentes em que atuamos.
E que principalmente, aqueles que fingem ou negam ver essa força política, saibam que estamos nas ruas, nas casas, nas escolas, nos bairros, nas igrejas, nas favelas, nas praças, nos parlamentos, nos nossos trabalhos e não nos cansaremos mais, nem seremos caladas.