sábado, 21 de maio de 2016

O país precisa de perspectivas frente ao governo de desastre nacional

Marcello Casal Jr/Agência Brasi: <p>Brasília - O presidente interino Michel Temer durante cerimônia de posse aos ministros de seu governo, no Palácio do Planalto (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)</p>
Por Valter Sorretino
Jamais se imaginou em tão curto espaço de tempo tamanha dessintonia entre o governo interino e a sociedade. O governo Temer se mostra desastrado, derruba expectativas das conquistas de mulheres, jovens e negros, combate o SUS e o respeito entre países sul-americanos, faz desfeita aos setores culturais, ataca a preparação das Olimpíadas e ameaça de criminalizar as lutas sociais. A lista é interminável.
Amparar um governo em negatividades raivosas não pode ir longe. A primeira de todas, contra a democracia e a Constituição. Às quais se seguem o desmonte, a perda de direitos da previdência, do trabalho, do Bolsa Família, e as medidas antinacionais das privatizações.
Estava claro que isso ocorreria porque é um governo ilegítimo, que não nasce de um debate eleitoral, mas de um golpe. Ainda mais porque é um governo voltado para a base congressual, do centrão e da antiga oposição. É meridianamente claro que o polo de união dos golpistas era o golpe mesmo – tirar Dilma – e a política econômica de "notáveis". O resto é um caldeirão de contradições.
Presidente fraco, disputas na base no Congresso, papel de Cunha como fiador do governo. Sete ministros implicados na Lava Jato. Núcleo duro tem sete PMDBistas da pesada, e 6 da antiga oposição. É a escória golpista, um amontoado de bucaneiros.
Mas nem mesmo a política econômica vai soldar unidade e gerar expectativa. Nela não há nada de notável e de notáveis. Envereda pelo caminho da dominância fiscal, que só aponta para recuperação econômica após 2018 e tergiversa quanto à necessidade de aprovar a CPMF ou elevar a alíquota da CIDE. Vai aliviar a carga de governadores e prefeitos, agravando a questão fiscal, ao mesmo tempo em que desobriga-os aos gastos em saúde e educação. Vai gerar atritos e grande reação da sociedade, ainda mais em ano eleitoral como este de 2016.
A indústria e comércio estão nas mãos de deus, outros órgãos nas mãos do Barão da Mooca no Itamaraty, outros em disputa quanto a quem vai gerir as privatizações, outros ainda no planejamento. Uma algaravia.
Enfim, até o momento, nada indica que esse governo possa aguentar até 2018. Está destinado a ter a desconfiança crescente da população. A própria mídia nacional, zelosa com o golpismo, é desmentida e desmoralizada com a cobertura internacional do que ocorre no país.
Custa a crer que o governo imagine ser a representação da plutocracia brasileira que quer conduzir o país aos mares do liberalismo. No máximo vai ser tolerado para fazer o serviço sujo e aplainar o caminho para o choque liberal. Mas será uma opção perigosa: pode não se viabilizar e nada garante que, com seu fracasso, deixe caminho para a plataforma eleitoral vencer eleições.
Quanto às forças democráticas e progressistas, não devem esperar até 2018 para disputar rumos do país. Ao lado da luta contra o impeachment no Senado e da oposição frontal ao governo ilegítimo, precisam debater mais a proposta de antecipar eleições presidenciais como desfecho para a crise. Um movimento pelo plebiscito para indagar isso dos eleitores é o caminho de manter elevada a resistência democrática, alcançar mais votos no Senado e confrontar o governo Temer. Trata-se de dar perspectiva política sobre qual o rumo se derrubado o impeachment. A soberania do voto popular é o caminho para o desfecho da crise brasileira.

“O PCdoB tem os princípios que acredito”, diz prefeito após filiação


Em 2012, o prefeito Alan Lacerda, do município de Licínio de Almeida, no Centro-Sul da Bahia, se tornou notícia ao matricular os filhos na rede pública de ensino e ao orientar que os secretários fizessem o mesmo.


Ele foi um dos primeiros gestores do país a adotar essa postura, em uma tentativa de revolucionar a administração pública, com foco, principalmente, na educação. Os resultados não tardaram a chegar: o município lidera, há três anos, o ranking estadual do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e está entre os 100 melhor avaliados do Brasil.

Alan Lacerda voltou a ser notícia essa semana ao anunciar a saída do Partido Verde (PV), onde era também dirigente estadual e nacional, já tendo sido o presidente do partido na Bahia. O destino escolhido foi o PCdoB, que fortalece o quadro que possui com a chegada de um dos mais premiados prefeitos do estado. Ao justificar a mudança, Alan disse que no Partido Comunista estão amigos e princípios que acredita, portanto, está à vontade “do ponto de vista pessoal e de ideal”.

O prefeito Alan Lacerda Leite é médico e está à frente da Prefeitura de Licínio de Almeida pelo segundo mandato consecutivo. Para 2016, ele espera construir um nome do PCdoB local para dar continuidade ao projeto que ele iniciou, em 2009, e que tem gerado importantes reconhecimentos – até internacionais -, mas que, sobretudo, tem elevado as condições de vida da população. Confira a entrevista que a nossa equipe fez com o novo militante do PCdoB.

O que motiva o seu ingresso ao PCdoB?

O argumento principal é a história que tem o PCdoB tem no nosso país, com uma trajetória ligada a princípios que eu acredito. São princípios que tendem a levar em conta o bem comum, o bem da coletividade, mas, sobretudo, daqueles que mais precisam. Fora isso, é um ambiente onde tenho inúmeros amigos. Portanto, fico muito à vontade para estar, tanto do ponto de vista pessoal, quanto do ponto de vista do ideal.

O que espera encontrar no Partido Comunista?

Eu entendo a política a partir dos partidos. Os fundamentos que tem o PCdoB e as próprias experiências que são exitosas em inúmeras cidades podem trazer pra gente ideias para avançar um pouco mais, sobretudo nas questões sociais em Licínio de Almeida. Por outro lado, é um ambiente de debate e que permite estudar, compreender um pouco mais profundamente as questões sociais. Não tenho dúvidas de que o PCdoB, como organismo, pode nos ajudar a fazer uma nova leitura da cidade e, sendo assim, contribuir para levar a nossa cidade a dias ainda melhores.

Licínio de Almeida tem se destacado nas avaliações da educação e você ficou conhecido por ter sido um dos primeiros gestores do Brasil a matricular os filhos nas escolas públicas. É a educação a sua prioridade?

Estamos na gestão do município há sete anos e, assim que assumimos, colocamos a educação como a face mais importante. Criamos mecanismos e somamos esforços da equipe inteira e também convocamos a sociedade para essa jornada de tentar dar à educação de Licínio de Almeida a cara da cidade. Ao final dos sete anos, essa parece ter sido a marca consolidada do nosso governo. Por três avaliações consecutivas do Ministério da Educação, conseguimos ter a maior média do IDEB. Portanto, isso nos faz crer que avançamos de fato, apesar de termos ainda um imenso caminho para avançar. Licínio de Almeida se destaca e se desprende dos números da Bahia e eu fico muito feliz da gente consolidar essa marca.

Quais os objetivos para 2016?

A nossa ideia é de um projeto contínuo. Não vale muito pensar de maneira modular, para quatro e quatro anos. A ideia é pensar o município de maneira contínua. Sendo assim, a nossa ideia é consolidar um nome do PCdoB no município que tenha condição de continuar essa ideia. Lógico que, sendo outro prefeito, é possível que o governo seja reorientado, mas, sobretudo na educação, o que nós queremos é que a eleição de um prefeito do PCdoB consolide a ideia para que a educação continue a ser o foco da nossa cidade.

De que forma pode contribuir para o Comitê do PCdoB no município, que se reconfigura, agora, com a sua chegada?

A nossa ideia é de construção coletiva. Então, qualquer pessoa que tenha vivência, mesmo que negativa, e consiga refletir sobre isso, deve ajudar na formação do plano. No nosso caso, o que nós podemos contribuir para o PCdoB é com a nossa trajetória de erros e acertos. Nós erramos em muita coisa, acertamos em muita coisa, e a nossa participação pode se dar na discussão e na construção coletiva, principalmente, nessa história que construímos na educação. Nós, hoje, de fato compreendemos com mais clareza os processos que podem ou não contribuir para um sistema de educação municipal, uma rede municipal, que tenha, de fato, qualidade.




Entrevista concedida ao repórter Erikson Walla