domingo, 29 de julho de 2012

José Reinaldo: A militância é o fator decisivo do embate


Em todo o país desenvolve-se a campanha às eleições municipais, em que serão escolhidos os prefeitos, vice-prefeitos e vereadores. É a fase conhecida como corpo-a-corpo, em que os candidatos tomam contato direto com o povo, apresentam-se em pequenos e grandes círculos, ouvem as reivindicações da população e começam a realizar o debate programático.

Por José Reinaldo Carvalho*

Nesta etapa o eleitorado ainda não é atingido em larga escala, o que só ocorrerá a partir de meados de agosto, quando tem início o horário eleitoral gratuito no rádio e na TV e se realizam os grandes comícios. Mas é uma fase indispensável da campanha, que cimenta as bases para as etapas subsequentes.

Tudo está ainda indefinido, não passando de meras especulações os prognósticos de emparelhamentos para o segundo turno, onde houver, ou de resultado final. As pesquisas que começam a sair retratam apenas um momento fugaz, pois nada está sedimentado. Nem sequer apontam uma tendência principal.

As eleições se realizam em cada município para decidir quem estará à frente da administração da coisa pública nos próximos quatro anos. É natural que as questões concretas que têm a ver com o cotidiano do povo exijam respostas imediatas dos candidatos. O povo quer a solução efetiva dos seus problemas e identifica na figura do prefeito o responsável imediato pela sua execução.

Mas é ledo engano pensar que a campanha se desenvolverá sem debate político e mesmo ideológico. Inevitavelmente, as questões de fundo virão à tona desde que os debates se realizem com objetividade. Não há como apontar soluções efetivas para o caos urbano, para a crise da civilização urbana, sem tocar nos problemas de fundo do país. A alocação de recursos é uma questão eminentemente política, está relacionada com prioridades, com os critérios de direção da sociedade.

Do ponto de vista dos comunistas, está em causa a edificação de cidades mais humanas, com melhores condições de vida para o povo, o espaço urbano sendo encarado como fator de bem-estar social. Cidades com administrações democráticas, com participação efetiva do povo, transparência e lisura no uso dos recursos públicos.

A politização da campanha eleitoral é necessária também porque objetivamente o pleito municipal é uma espécie de eleição intermediária que nos separa das futuras eleições presidenciais, para os governos estaduais e a composição das assembleias legislativas, Câmara dos Deputados e Senado Federal. No embate eleitoral de 2012 travam-se as primeiras escaramuças políticas que definirão em alguma medida a correlação de forças para 2014.

Por isso, além de bons candidatos, boas alianças, bons marqueteiros, excelentes propostas e debate político elevado com o povo, será necessário pôr à prova o fator militância, que é o motor principal do embate, principalmente para os partidos populares ligados à causa das transformações sociais . Além das propostas, o elã da militância é o fator que distingue os partidos de luta dos partidos da acomodação.

Eleição é também um momento de afirmação de identidade política e ideológica. O Brasil tem uma metodologia de votação e escrutínio eleitoral que rebaixa, quase apaga, as identidades partidárias. O eleitor quase sempre é convidado a se despolitizar, alhear-se do debate, apenas decorar um nome de candidato e um número, que será digitado na urna eletrônica.

Para os comunistas, as eleições constituem um momento de elevação da consciência política do povo e da militância e de afirmação dos elementos de identidade partidária. É o momento mais propício para dar a conhecer ao povo a nossa legenda, o nosso nome, a nossa sigla, as nossas bandeiras vermelhas, os nossos lemas, os nossos objetivos históricos de luta por uma nova sociedade.

Tudo pode ser feito de maneira plástica, estética, no nível em que se desenvolve a batalha, à altura do grau de consciência das massas, sempre tendo presente o papel pedagógico das eleições na formação do exército político de massas da luta por transformações de fundo na sociedade brasileira.

*Editor do Vermelho

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