domingo, 20 de janeiro de 2013

UM BOM ARTIGO PARA ASSIMILAR COM MATURUDADE

Constituída uma frente partidária, todos se tornam a mesma coisa e reina um pensamento único. Certo ou errado? Erradíssimo! Tanto no curso da peleja eleitoral, como no exercício do governo.

Por Luciano Siqueira


Ora, se aliança significasse perda da identidade, da autonomia e da independência política não faria sentido partidos se conjugarem em torno de um mesmo projeto. Juntam-se, porém permanecem diferentes entre si, cada qual mantendo o seu matiz político e ideológico.

Por isso se deve assimilar com naturalidade a manifestação de opiniões críticas, e mesmo discrepantes, de um partido aliado em relação ao governo do qual participa. Nem divergência é igual a crise, tampouco significa necessariamente ensaio de dissenção futura. No entanto, lê-se com frequência em nossos jornais, blogs e portais noticiosos alusões a conflitos entre o governador Eduardo Campos, do PSB, e a presidenta Dilma porque o pernambucano, por exemplo, bate na tecla de um desejado reequilíbrio do pacto federativo. Ou menciona o crescimento do PIB aquém do esperado.

Fosse assim, o PCdoB deveria ser apontado como dissidente há muito tempo, desde os dois governos sucessivos do presidente Lula, tal a intensidade com que os comunistas criticaram a política macroeconômica herdade, na sua essência, da chamada “era FHC”, que prosseguiu com Lula. Sempre em termos afirmativos, porém fraternais – como, aliás, tem feito o governador Eduardo Campos. Do contrário, a presidenta não teria aliados, mas apenas áulicos. E ai do governo que não proporcione ambiente interno saudavelmente permeável à explicitação de pontos de vistas divergentes!

A presidenta Dilma, é bom anotar, tem essa compreensão democraticamente larga do exercício de sua liderança. Valoriza o debate na busca de solução para os ingentes problemas que se colocam na ordem do dia, tendo em vista a construção de um projeto nacional de desenvolvimento sustentável e socialmente avançado.

Fora desse parâmetro, teríamos um governo tão autoritário e ultra centralizador quanto inepto e apequenado. Muito distante dos desafios do Brasil dos nossos dias, em que a par de uma conjuntura internacional adversa – tamanha a dimensão da crise econômica, financeira e ideológica do sistema capitalista dominante -, que implica ameaças sobre a economia brasileira, e em que há que arrostar imensos obstáculos ao pleno desenvolvimento nacional. Obstáculos de natureza estrutural e, no curto prazo, de natureza crucial, como tem sido o de suplantar fundamentos macroeconômicos neoliberais, como a política de juros altos.

Assim, saudemos o bom debate de ideias – no interior do governo, da frente partidária que o sustenta e no conjunto da sociedade.


Luciano Siqueira é Vice-prefeito de Recife

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