Uma afirmação feita pela ex-ministra brasileira do Meio Ambiente e ex-candidata verde à presidência da República, Marina Silva, contém a chave que permite entender seus últimos movimentos e a declarada “nova forma de fazer política”.
Perante um auditório de seus gurus verdes alemães na Fundação Heinrich Böll, em Berlim (onde foi discutir uma questão brasileira interna, nossa política ambiental!), Marina declarou que “a linguagem política suscitada pelo socialismo e pela revolução francesa ficou defasada”, fundamentando sua pretensão de que “algo novo pode estar surgindo”.
O que é este novo? – esta é a pergunta que fica no ar. O discurso pronunciado por Marina Silva no ato público que registrou sua desfiliação do Partido Verde, poucos dias depois de seu retorno de Berlim, para onde foi a convite do Partido Verde alemão, não ajuda a entender o novo rumo que ela quer difundir. Ao contrário, mostra uma Marina Silva presa nas armadilhas da política tradicional que diz combater.
De cara, salta aos olhos o motivo de seu afastamento do PV: a acusação de autoritarismo contra a direção daquela agremiação; a prova seria justamente a resistência que se opôs às pretensões de Marina e seu grupo. Cabe a pergunta: quem foi autoritário? A direção partidária que resistiu à tomada de assalto por parte de um grupo de recém-chegados (ela se filiou ao PV em agosto de 2009), ou as pretensões hegemônicas destes últimos? Aliás, e reforçando esta impressão, Marina generalizou as acusações contra estruturas partidárias que considerou empedernidas e “sem capacidade de abrir-se para sua própria renovação”, mal escondendo que se considera a si e a seu grupo como esta anunciada renovação?
Há sinais de que a novidade anunciada por Marina pode ser a cópia, em outro contexto histórico e político, da inquietação da juventude “indignada” do norte da África e da Europa que, comunicando-se pela internet e à margem de estruturas organizadas como partidos e sindicatos, levanta-se contra ditaduras e as imposições do capital financeiro e do FMI. Mesmo neste aspecto, a postura de Marina e seus parceiros repete práticas antigas que as forças políticas mais atuantes no Brasil já superaram: a cópia de modelos estrangeiros de atuação. No discurso pronunciado em São Paulo, esta mania de tentar repetir aqui aquilo que parece novo lá fora ficou explícita. “Chegou a hora”, disse ela, “de ser e fazer, de nos movimentarmos em conexão com as redes e pessoas que expressam a chegada do futuro e o constroem na prática, no dia-a-dia”.
Outra bandeira limitada que Marina Silva empunha há muito tempo é a da “moralidade”, que constitui o velho biombo com que os conservadores disfarçam seu verdadeiro programa que é inaceitável para o povo. Ética e moralidade, para os homens públicos, não podem ser apenas bandeiras políticas: são pré-requisitos fundamentais e obrigatórios, e ninguém pode vangloriar-se por ser ético: isto é elementar para todos e particularmente para quem desempenha funções públicas.
Marina se apresenta como o “novo” na política uma frase contra a democracia burguesa e o socialismo que é música aos ouvidos conservadores, e manifestando um desprezo pela nação inaceitável em uma liderança política que, tendo chegado em terceiro lugar no primeiro turno da eleição presidencial de 2010, acumulando quase 20 milhões de votos, jamais poderia aceitar discutir no exterior uma questão tão sensível como os problemas ambientais brasileiros.
O “novo” que Marina Silva indica revela, no fundo, a adesão a um ideário conservador (antidemocrático e antissocialista) e antinacional que ela disfarça sob a bandeira da “ética” e de uma renovação mal explicada. Mesmo porque o debate ambiental no qual ela é importante protagonista tem duas dimensões que não podem ser desconsideradas. Uma delas é a luta fundamental contra as agressões à natureza promovidas pelo modelo de desenvolvimento capitalista baseado em formas de produção e de consumo ambientalmente agressivos e predatórios. A outra dimensão é aquela que opõe ao direito dos povos ao desenvolvimento as pressões imperialistas baseadas numa alegada ameaça ambiental contra a qual convoca todos num discurso que beneficia as nações hoje desenvolvidas e mantém uma distribuição mundial de poder e de riquezas favorável a elas e às elites financeiras que as dominam e se impõe ao mundo. A novidade que existe aqui é a adaptação do discurso imperialista a um contexto que o próprio imperialismo define como ameaçador.
Neste sentido, o discurso de Marina Silva, filiado à matriz ambientalista alemã, é conservador e antinacional, e faz dela um porta-voz, no cenário político brasileiro, dos interesses das potências hegemônicas sob o disfarce do ideário ambientalista. Daí o fato essencial de Marina não apresentar um programa claro para unificar as forças políticas que a apoiam. Não fez isso quando foi candidata à presidência da República, e não faz isso agora quando se propõe a “refundar” a política brasileira, deixando a suspeita de que ou esse programa não vai além das simplórias e superficiais declarações pela ética, pela renovação e pela defesa do meio ambiente, ou que – pior – não pode confessar abertamente o ideário que defende e os compromissos aos quais aderiu.
Neste ponto a fragilidade de seu discurso e de seus apoiadores se revela de corpo inteiro: o novo, na política e na luta social, precisa manifestar-se num programa claro de mudanças sociais, políticas, culturais, que seja compreensível para o povo e para os trabalhadores e capaz de mobilizar seus anseios e esperanças. E não é isso que se ouve pela voz de Marina Silva.
Perante um auditório de seus gurus verdes alemães na Fundação Heinrich Böll, em Berlim (onde foi discutir uma questão brasileira interna, nossa política ambiental!), Marina declarou que “a linguagem política suscitada pelo socialismo e pela revolução francesa ficou defasada”, fundamentando sua pretensão de que “algo novo pode estar surgindo”.
O que é este novo? – esta é a pergunta que fica no ar. O discurso pronunciado por Marina Silva no ato público que registrou sua desfiliação do Partido Verde, poucos dias depois de seu retorno de Berlim, para onde foi a convite do Partido Verde alemão, não ajuda a entender o novo rumo que ela quer difundir. Ao contrário, mostra uma Marina Silva presa nas armadilhas da política tradicional que diz combater.
De cara, salta aos olhos o motivo de seu afastamento do PV: a acusação de autoritarismo contra a direção daquela agremiação; a prova seria justamente a resistência que se opôs às pretensões de Marina e seu grupo. Cabe a pergunta: quem foi autoritário? A direção partidária que resistiu à tomada de assalto por parte de um grupo de recém-chegados (ela se filiou ao PV em agosto de 2009), ou as pretensões hegemônicas destes últimos? Aliás, e reforçando esta impressão, Marina generalizou as acusações contra estruturas partidárias que considerou empedernidas e “sem capacidade de abrir-se para sua própria renovação”, mal escondendo que se considera a si e a seu grupo como esta anunciada renovação?
Há sinais de que a novidade anunciada por Marina pode ser a cópia, em outro contexto histórico e político, da inquietação da juventude “indignada” do norte da África e da Europa que, comunicando-se pela internet e à margem de estruturas organizadas como partidos e sindicatos, levanta-se contra ditaduras e as imposições do capital financeiro e do FMI. Mesmo neste aspecto, a postura de Marina e seus parceiros repete práticas antigas que as forças políticas mais atuantes no Brasil já superaram: a cópia de modelos estrangeiros de atuação. No discurso pronunciado em São Paulo, esta mania de tentar repetir aqui aquilo que parece novo lá fora ficou explícita. “Chegou a hora”, disse ela, “de ser e fazer, de nos movimentarmos em conexão com as redes e pessoas que expressam a chegada do futuro e o constroem na prática, no dia-a-dia”.
Outra bandeira limitada que Marina Silva empunha há muito tempo é a da “moralidade”, que constitui o velho biombo com que os conservadores disfarçam seu verdadeiro programa que é inaceitável para o povo. Ética e moralidade, para os homens públicos, não podem ser apenas bandeiras políticas: são pré-requisitos fundamentais e obrigatórios, e ninguém pode vangloriar-se por ser ético: isto é elementar para todos e particularmente para quem desempenha funções públicas.
Marina se apresenta como o “novo” na política uma frase contra a democracia burguesa e o socialismo que é música aos ouvidos conservadores, e manifestando um desprezo pela nação inaceitável em uma liderança política que, tendo chegado em terceiro lugar no primeiro turno da eleição presidencial de 2010, acumulando quase 20 milhões de votos, jamais poderia aceitar discutir no exterior uma questão tão sensível como os problemas ambientais brasileiros.
O “novo” que Marina Silva indica revela, no fundo, a adesão a um ideário conservador (antidemocrático e antissocialista) e antinacional que ela disfarça sob a bandeira da “ética” e de uma renovação mal explicada. Mesmo porque o debate ambiental no qual ela é importante protagonista tem duas dimensões que não podem ser desconsideradas. Uma delas é a luta fundamental contra as agressões à natureza promovidas pelo modelo de desenvolvimento capitalista baseado em formas de produção e de consumo ambientalmente agressivos e predatórios. A outra dimensão é aquela que opõe ao direito dos povos ao desenvolvimento as pressões imperialistas baseadas numa alegada ameaça ambiental contra a qual convoca todos num discurso que beneficia as nações hoje desenvolvidas e mantém uma distribuição mundial de poder e de riquezas favorável a elas e às elites financeiras que as dominam e se impõe ao mundo. A novidade que existe aqui é a adaptação do discurso imperialista a um contexto que o próprio imperialismo define como ameaçador.
Neste sentido, o discurso de Marina Silva, filiado à matriz ambientalista alemã, é conservador e antinacional, e faz dela um porta-voz, no cenário político brasileiro, dos interesses das potências hegemônicas sob o disfarce do ideário ambientalista. Daí o fato essencial de Marina não apresentar um programa claro para unificar as forças políticas que a apoiam. Não fez isso quando foi candidata à presidência da República, e não faz isso agora quando se propõe a “refundar” a política brasileira, deixando a suspeita de que ou esse programa não vai além das simplórias e superficiais declarações pela ética, pela renovação e pela defesa do meio ambiente, ou que – pior – não pode confessar abertamente o ideário que defende e os compromissos aos quais aderiu.
Neste ponto a fragilidade de seu discurso e de seus apoiadores se revela de corpo inteiro: o novo, na política e na luta social, precisa manifestar-se num programa claro de mudanças sociais, políticas, culturais, que seja compreensível para o povo e para os trabalhadores e capaz de mobilizar seus anseios e esperanças. E não é isso que se ouve pela voz de Marina Silva.
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