Minhas raízes são histórias que relata em dez textos, sobre minha caminhada neste pedaço de chão até 1985, quando nasci para outro mundo: O mundo da consciência coletiva. Os dez textos serão reproduzidos todos os sábados.
Cheguei ao mundo no dia
11 de novembro de 1961, às 5h:00 horas da manhã na colocação Santa
Maria, Seringal Tamandaré no alto Rio Tarauacá. O campo oferecia uma linda paisagem. Grama nativa, no asseiro, um cumaru, uma sumaúma, um pau Darco,um pé de Timbaúba, uma touceira de bacaba, alguns pés de cocão e ao lado várias touceiras de manacá roxo sempre floridos, formando uma paisagem que até hoje guardo na memoria.
Na gestação, minha mãe estava muito apreensiva
com a possibilidade de não conseguir me parir com vida. Ela já havia dado luz
seis filhos. Nonata, Edvan, João, Ivanilde, Ivanete e
Fátima. Na sequência havia perdidos outros dois que nasceram sem vida.
Não existia médicos ou qualquer tipo assistência de saúde na região. Tudo dependia da fé e sabedoria de uma humilde parteira, com uma bacia D’água e uma velha tesoura na mão. Eu podia ser mais um a não conhecer o mundo. Meu pai tomou todo cuidado que um seringueiro honrado podia tomar para a mulher "descansar" (da à luz o filho) sem risco. Repouso, Muita galinha engordando no galinheiro, uma lata de manteiga e uma de Nescau comprada no regatão. Pirão escaldado a tempo e a hora para a gestante. Minha mãe já estava batendo a porta dos 40 anos e queria mais um filho Homem para a família.
O esforço foi compensado
com meu grito ao amanhecer do dia. Meu pai disparou três tiros de espingarda cal
12 para anunciar a vizinhança do meu nascimento. Nascer naquela região era um
ato de bravura e vontade de conhecer a vida. No seringal, ao ouvir três
tiros sequenciados, os vizinhos sabiam que o nascido era Homem. Se fosse mulher
eram apenas dois disparos.
Minha existência tem
origem na saga dos nordestinos que vieram para Amazônia motivada
pela propaganda oficial que vendia facilidades para ganhar dinheiro no corte da
seringa.
Minha mãe, Maria Batista, meu pai Manoel Avelino, dois filhos de Cearenses. Meu pai e minha mãe desafiavam o trabalho. Tinham crédito no barracão e no regatão. Meu pai Cortava seringa, caçava, pescava, plantava macaxeira, milho, arroz, feijão melancia, banana, abacaxi, cana, jerimum e muito tabaco. Criava galinha, ovelha pato, porco gado e ainda fazia canoa.
Minha mãe, Maria Batista, meu pai Manoel Avelino, dois filhos de Cearenses. Meu pai e minha mãe desafiavam o trabalho. Tinham crédito no barracão e no regatão. Meu pai Cortava seringa, caçava, pescava, plantava macaxeira, milho, arroz, feijão melancia, banana, abacaxi, cana, jerimum e muito tabaco. Criava galinha, ovelha pato, porco gado e ainda fazia canoa.
Santa Maria era lugar admirável. Quem chegava pela primeira vez, achava que era a sede do seringal. Um campo no alto de uma planície, gado e uma variedade de animais. Uma fileira de borracha no terreiro e uma casa de madeira cerrada artesanalmente, situada na curva do Rio.
Foi nesse cenário de
cores que comecei enxergar o mundo e iniciar meus primeiros passos.
Muito legal essa
iniciativa! Afinal de contas muitos de seus amigos e amigas (eu por exemplo) o
admiram pelas açoes ousadas, corajosas, amáveis e solidárias que conhecem, mas
tem muito com certeza que nao conhecemos ainda! Estaremos certamente anciosos
pelo sábado para conhecer mais um pouco de sua história de vida! Isso aumentará
ainda mais nossa admiração por vc! Um forte abraço!
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