sábado, 23 de outubro de 2010

Os riscos na reta final da eleição


Pesquisas internas do PT – avisa-me um colega muito bem informado - mostram que a diferença entre Dilma e Serra segue a se alargar: nesse fim-de-semana, em votos válidos, o resultado é Dilma 57% x Serra 43%.

Desde o debate na “Band” – quando partiu para o confronto, e mudou a pauta do segundo turno – a tendência tem sido essa. O que aparece nas pesquisas Ibope, DataFolha e Vox Populi da última semana - que apontam vantagem entre 10 s 12 pontos para Dilma. Só o Sensus trouxe um levantamento diferente, com vantagem de 5 pontos.

A última capa da “Veja” – que muitos viam como ameaça para Dilma – foi apenas mais um factóide, sem importância, que não para em pé. Além disso, nas bancas de todo o país, estará exposta ao lado da “Istoé” e da “CartaCapital” – que trazem capas desfavoráveis a Serra. Nese terreno, o jogo está empatado. O progama de TV de Dilma segue melhor.

Então, qual seria a aposta de Serra para virar o jogo? Como sempre, a aposta está nas sombras.

Escrevi há alguns dias um texto sobre as “Cinco Ondas” da campanha negativa contra Dilma. O texto está aqui. O desdobramento final dessa campanha de medo e boatos (ou seja, a ”Quinta Onda”) seria ”mostrar” ao eleitor que a “Dilma terrorista” e o “PT contra as liberdades” não são apenas boatos. A Quinta Onda, pra dar resultado, precisa gerar fatos. Não pode viver só de boatos.

Serra parece ter chegado à Quinta Onda, com o factóide da bolinha de papel em Campo Grande. Caiu no ridículo, é verdade. Mas a mensagem que interessa a ele segue no ar (especialmente na Globo): “os petistas agridem, são violentos”.

Por isso, o grande risco dessa reta final é a criação de um factóide de maior gravidade: temo muito pelo que possa acontecer no Rio nesse domingo, com passeatas do PT e PSDB marcadas para o mesmo dia (felizmente, o PT mandou cancelar qualquer atividade na zona sul, onde os tucanos vão marchar).

Serra precisa de tumulto, de militantes tucanos feridos. Ou até de uma agressão mais grave contra ele mesmo. Imaginem só, entrar na última semana de eleição com essa pauta: “PT violento”, “a turma da Dilma é terrorista”. Imaginem Serra com um curativo na cabeça no debate da Globo!

A emissora dirigida por Ali Kamel já mostrou que não terá limites na tarefa de reverberar a onda serrista – seja ela qual for.

Serra quer criar tumulto. Serra precisa do tumulto. Só o tumulto salva Serra.




Instituto de Criminalística da Polícia Federal poderá fazer reconstituição da cena do Serra Rojas

O maior tiro no pé que o PSDB poderia dar, ele deu. Pediu à Polícia Federal para entrar no caso da bolinha de papel.

Agora o INC (Instituto de Criminalística da Polícia Federal) já tem motivos para fazer um laudo científico desmascarando oficialmente o Jornal Nacional.

Laudos extra-oficiais, diversos internautas já fizeram, inclusive mostrando fraude na edição do Jornal Nacional, quando fez uma montagem fraudando os fatos, em cima do vídeo do celular do repórter da Folha.


TSE rejeita pedido da coalizão demotucana para censurar cenas da bolinha de papel na propaganda do PT. A bolinha fica no ar e entra para a história como síntese de uma campanha sem projeto, cujo verdaderio trunfo era a esférica blindagem da mídia em torno de Serra. Leve, ingenua, quase infantil, ela cruzou o ar, furou o cerco midiático e catalizou o sentimento difuso de milhões de brasileiros em relação à campanha de Serra. Não adiantou o empenho da Globo para mitigar o estrago dando ao candidato o bônus virtual de um rolinho de fita crepe. A bolinha, leve como uma pluma, marcou para sempre a cabeça demotucana e o imaginário popular como a evidência de uma farsa maior. Lula, mais que ninguém, percebeu seu peso simbólico devastador. Daí a ira do dispositivo midiático contra o Presidente, que continua quicando a bolinha no caráter dos adversários


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