sábado, 5 de fevereiro de 2011

Janilson Lopes: Saúde no Acre, é possível mudar?

A realidade histórica do processo de desenvolvimento social, cultural e político do Brasil se encarregou de colocar o Acre numa posição de desvantagem. Com um desenvolvimento desde o litoral para o centro do país, tudo chegou depois. Algumas coisas ainda não chegaram e por ironia, até o ano novo no Acre é onde mais tarde chega.

E nossa saúde pública como está? Na última eleição uma das maiores queixas de nossa população foi a respeito da qualidade de nossa saúde. Igual que em muitas partes de nosso país, o SUS apresenta aqui graves problemas, que fazem com que seus princípios doutrinários (universalidade, integralidade e equidade) avancem timidamente.

Temos um sistema com foco hospitalocentrico e assistencialista ainda, A estratégia de saúde da família perdeu sua essência, que é a prevenção. Cobertura de PSF baixa, hospitais lotados, UPAS que não atendem a demanda é uma tradução disso. Dos grandes investimentos nas áreas de saúde nos últimos tempos, todos foram voltados para a assistência, UPAS, Prontos Socorros, Maternidades, entre outros. Tudo necessário, mas passível de equilíbrio. As grandes mudanças nos indicadores e qualidade de saúde de uma população não se conquistam dentro de um hospital, mas sim na intervenção no ambiente familiar através do programas de saúde da família. O Acre é hoje dono de um dos piores indicadores de saúde de todo país, uma herança de muitos anos de descaso com a saúde dos acreanos, apesar dos avanços tímidos dos últimos anos.

Desafios dos próximos governos Acreanos.

Mudar indicadores como:

Mudar a maior mortalidade infantil do norte e uma das maiores do Brasil, 28 mortes para 1000 nascidos vivos.
Diminuir uma das maiores mortalidade maternas do país.
Aumentar uma das mais baixas coberturas de pré-natal (Menos de 50% das grávidas fazem seis consultas de pré natal durante gravidez) do Brasil
Igualar a expectativa de vida ao nascer à média nacional (Acre= 69,09; Brasil 69,28).


Desafios como esses com uma realidade pouco animadora como:

43,73% da população vivendo com meio salário mínimo mensal.
13,97% da população maior de quinze anos é analfabeta
Com uma rede de abastecimento de água que cobre apenas 55,36% do Estado.
Com uma cobertura da rede de esgoto de 62%.
Com o terceiro menor numero de médicos do país (575) sendo que 74% (427) estão na capital e destes, apenas 6,32 trabalham na saúde da família.
O terceiro menor numero de dentista do país (388) ganhando apenas do Amapá e Roraima.
O terceiro menor numero de enfermeiros do país (697) ganhando também do Amapá e Roraima.
Um dos mais baixos numero de farmacêuticos do país (565)
O segundo menor numero de técnico de enfermagem do país (1030)
Uma estrutura universitária de formação de recursos humanos que tem seu foco mais voltado para assistência e menos pra promoção e prevenção.


Desafio maior não pode haver para os quatro próximos anos, quando a humanização da saúde é a palavra de ordem.

Dr. Janilson Lopes

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