Por Eron Bezerra*
Comecemos pela definição do conceito. Coerência não é, como muitos imaginam, um comportamento “acima do bem e do mal”, a-histórico e sem conotação classista. Coerência nada mais do que um comportamento regular, recorrente, em torno de determinados valores, de determinada ideologia.
Assim, é coerente o assaltante de banco que persiste na atividade criminosa apesar do elevado risco, inclusive de vida, que tal atividade lhe impõe. É coerente o religioso sincero – e não o vigarista que tira proveito de incautos – que muitas vezes prega no deserto na tentativa de aliciar adeptos à sua fé. De igual forma é coerente o revolucionário que dedica toda a sua vida lutando por uma causa e não por uma coisa, conforme nos faz lembrar o grande poeta Bertoldo Brecht.
E é profundamente coerente a defesa acrítica que a grande mídia faz da elite econômica e de seus representantes políticos, assim como os ataques sistemáticos que ela move contra o governo Lula e em particular contra as ações de caráter popular, de esquerda. Afinal, se assim não agisse ela sepultaria a teoria marxista que demonstrou que o estado – e seus aparelhos, dentre eles os meios de comunicação - nada mais é do que um instrumento de dominação da classe dominante. Qualquer que seja a classe dominante.
No Brasil e em boa parte do mundo o estado é burguês e a classe dominante é a burguesia. Logo, os meios de comunicação, como instrumento de reprodução desse ideário, defendem essas idéias e seus representantes. Nenhuma surpresa.
Se esse preceito teórico for razoavelmente compreendido não haverá espanto diante do comportamento “errático” de nossa grande mídia em questões iguais. Citemos apenas dois exemplos: a prorrogação das eleições presidências e a CPI da Petrobras.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso alterou a legislação – com o jogo em pleno andamento – para permitir a sua própria reeleição. Afora uma ou outra entrevista discordante, muitas das quais meramente protocolar, o silêncio foi total. Mas a hipótese do chamado terceiro mandato para Lula, cujo conteúdo é idêntico, é tratado como golpe por essa mesma mídia.
Assim como o presidente Lula também sou contra o 3º mandato, mas não posso deixar de realçar os pesos distintos empregados na cobertura. Coerente, repito.
O caso da CPI é ainda mais emblemático. Em pleno governo FHC uma plataforma da Petrobras foi ao fundo. Fazia parte, quem sabe, da estratégia do governo de então de desmoralizar a empresa para privatizá-lo. Lutamos, toda a esquerda e os patriotas desse país, para investigar esse crime e defender o patrimônio nacional através de uma CPI. O governo de então não só abafou a mesma como foi solenemente poupado pelos meios de comunicação.
Agora, quando a Petrobras transformou o país auto-suficiente em petróleo, descobriu o pré-sal e se agiganta como uma das maiores empresas do mundo, a direita não apenas conseguiu emplacar a sua CPI como recebe alento precisamente daqueles que não viram motivos para investigar um crime hediondo. Mais uma vez a mídia é coerente. Defende os seus.De nossa parte é preciso ter um pouco mais de noção da luta de classes e não permitir que a direita passeie com tanta desenvoltura quando está politicamente desmoralizada no Brasil e no mundo.
*Eron Bezerra, Engenheiro Agrônomo, Professor da UFAM, Deputado Estadual Licenciado, Secretário de Agricultura do Estado do Amazonas, Membro do CC do PCdoB.
Comecemos pela definição do conceito. Coerência não é, como muitos imaginam, um comportamento “acima do bem e do mal”, a-histórico e sem conotação classista. Coerência nada mais do que um comportamento regular, recorrente, em torno de determinados valores, de determinada ideologia.
Assim, é coerente o assaltante de banco que persiste na atividade criminosa apesar do elevado risco, inclusive de vida, que tal atividade lhe impõe. É coerente o religioso sincero – e não o vigarista que tira proveito de incautos – que muitas vezes prega no deserto na tentativa de aliciar adeptos à sua fé. De igual forma é coerente o revolucionário que dedica toda a sua vida lutando por uma causa e não por uma coisa, conforme nos faz lembrar o grande poeta Bertoldo Brecht.
E é profundamente coerente a defesa acrítica que a grande mídia faz da elite econômica e de seus representantes políticos, assim como os ataques sistemáticos que ela move contra o governo Lula e em particular contra as ações de caráter popular, de esquerda. Afinal, se assim não agisse ela sepultaria a teoria marxista que demonstrou que o estado – e seus aparelhos, dentre eles os meios de comunicação - nada mais é do que um instrumento de dominação da classe dominante. Qualquer que seja a classe dominante.
No Brasil e em boa parte do mundo o estado é burguês e a classe dominante é a burguesia. Logo, os meios de comunicação, como instrumento de reprodução desse ideário, defendem essas idéias e seus representantes. Nenhuma surpresa.
Se esse preceito teórico for razoavelmente compreendido não haverá espanto diante do comportamento “errático” de nossa grande mídia em questões iguais. Citemos apenas dois exemplos: a prorrogação das eleições presidências e a CPI da Petrobras.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso alterou a legislação – com o jogo em pleno andamento – para permitir a sua própria reeleição. Afora uma ou outra entrevista discordante, muitas das quais meramente protocolar, o silêncio foi total. Mas a hipótese do chamado terceiro mandato para Lula, cujo conteúdo é idêntico, é tratado como golpe por essa mesma mídia.
Assim como o presidente Lula também sou contra o 3º mandato, mas não posso deixar de realçar os pesos distintos empregados na cobertura. Coerente, repito.
O caso da CPI é ainda mais emblemático. Em pleno governo FHC uma plataforma da Petrobras foi ao fundo. Fazia parte, quem sabe, da estratégia do governo de então de desmoralizar a empresa para privatizá-lo. Lutamos, toda a esquerda e os patriotas desse país, para investigar esse crime e defender o patrimônio nacional através de uma CPI. O governo de então não só abafou a mesma como foi solenemente poupado pelos meios de comunicação.
Agora, quando a Petrobras transformou o país auto-suficiente em petróleo, descobriu o pré-sal e se agiganta como uma das maiores empresas do mundo, a direita não apenas conseguiu emplacar a sua CPI como recebe alento precisamente daqueles que não viram motivos para investigar um crime hediondo. Mais uma vez a mídia é coerente. Defende os seus.De nossa parte é preciso ter um pouco mais de noção da luta de classes e não permitir que a direita passeie com tanta desenvoltura quando está politicamente desmoralizada no Brasil e no mundo.
*Eron Bezerra, Engenheiro Agrônomo, Professor da UFAM, Deputado Estadual Licenciado, Secretário de Agricultura do Estado do Amazonas, Membro do CC do PCdoB.
Excelente leitura da Petrobrás competitiva da era Lula comparada com os sucessivos fracassos do famigerado desgoverno FHC e sua mídia oportunista de plantão.
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