domingo, 21 de junho de 2009

Mais de um bilhão de pessoas passam fome no mundo

Muita gente perdeu dinheiro e propriedades com a crise econômica mundial. Mas a imensa maioria perdeu a própria comida, mostra o relatório divulgado sexta feira (19) pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO): pela primeira vez na história esse número ultrapassa um bilhão de pessoas - para ser exato, são 1.017.000.000 - que passam fome no mundo; é um aumento de 100 milhões em relação a 2008. Um em cada seis seres humanos sofre este mal.

Desde as décadas de 1980 e 1990 foram dados passos importantes no combate à fome. Entretanto, desde a metade da década de 1990, diz a FAO, a ela voltou a crescer, aumentando em todas as regiões do mundo, exceto na América Latina e Caribe. Mas inclusive nesta região os progressos alcançados foram anulados devido ao aumento nos preços dos alimentos e à atual crise econômica.

A maior concentração (63% do total) está na Ásia e no Pacífico: são 642 milhões, ou 16% da população da região. Em segundo lugar está a África subsaariana, com 265 milhões que, somados aos 42 milhões do Norte da África e do Oriente Médio, dão 307 milhões, ou quase 24% de sua população total. O Oriente Médio, aliás, é a região que teve o maior crescimento percentual do número dos famintos (13,5% em relação ao ano anterior). Aquelas são as regiões mais críticas, embora os dados sejam dramáticos também para a América Latina e Caribe, onde estão 53 milhões em insegurança alimentar, e para os países ricos, onde existem 15 milhões nessa situação.

A fome que se espalha pelo mundo não é resultado de uma crise agrícola ou de más colheitas, assegura a FAO. Na verdade, resulta da conjugação da crise alimentar e energética de 2006-2008 e do aumento dos preços em todos os países com a crise econômica que, de Nova York, contaminou o mundo, provocando desemprego e empobrecimento.

Esta é uma das principais contradições da atualidade. Segundo a FAO a safra de 2009 será uma das maiores da história. Portanto a fome não é consequência da escassez mas da pobreza. ''Não há falta de comida, há falta de acesso a ela'', diz Diouf. O problema é econômico. ''É o resultado do desemprego, da queda de renda'', completou o diretor geral da FAO.

É uma ''mistura explosiva'', diz o diretor geral da FAO, Jacques Diouf, com ''sério risco para a paz e a segurança mundiais''. Mesmo tendo baixado nos últimos meses, os preços dos alimentos continuam altos. No final de 2008 eles ainda eram 24% mais altos do que em 2006; em alguns países mais pobres, a diferença chega a 80% entre aqueles anos. Tudo isso provoca uma forte redução no poder de compra dos mais pobres, que gastam até 60% de sua renda para comprar comida.

Ele poderia ter avançado na análise: o aumento no número de famintos expõe a incapacidade do capitalismo para resolver os problemas da humanidade e dos povos. A produção voltada para o lucro atende à voragem do capital (dos investidores, das grandes empresas agrícolas, dos fabricantes de insumos e sementes, das grandes redes de comercialização). Quem tem dinheiro tem comida; quem não tem passa fome - esta é a regra do sistema capitalista. Fonte: Portal vermelho

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