sexta-feira, 21 de janeiro de 2011


O nó dos médicos formados em Cuba

Médicos formados em Cuba

Laerte Braga

Cidadãos do Haiti (país ocupado pelos EUA com forças auxiliares dentre as quais brasileiras) preferem fazer longas filas diante dos hospitais de campanha montados pelos médicos cubanos logo após o terremoto que devastou o país, que enfrentar o risco dos médicos norte-americanos ou brasileiros.


O risco de médicos brasileiros e norte-americanos não diz respeito à competência, falo da barbárie instalada no país, seja pelo terremoto, é anterior a ele, seja pelas forças de ocupação. Não estão nem aí para a epidemia de cólera, o problema é outro, dentre eles, petróleo.


Cuba não integra o esquema decidido pela OEA – Organização dos Estados Americanos – e está lá por pura solidariedade.


Os médicos norte-americanos, todos formados em portentosas universidades, receberam ordens do comando militar dos EUA proibindo-os de recorrer aos cubanos. Se o paciente vai morrer, paciência; é um sacrifício em prol da “democracia”. Para os cubanos é uma vida que deve ser salva.

O Brasil discute a partir dos interesses dos grandes grupos que controlam a saúde e se beneficiam do festival de privatizações e terceirizações nos três níveis de governo, se o curso de medicina em Havana, onde estão centenas de jovens latino-americanos, preenche as exigências mínimas que o formando seja um bom médico.


Preenche sim, só não preenche os objetivos dos donos da saúde e seus cofres.


Os médicos formados em Cuba têm sido capaz de mostrar competência e eficiência em campos que médicos de faculdades centenárias dos EUA, ou qualquer outro país, não conseguem mostrar, ou mostram igual.


É preciso entender que um cirurgião do porte de Adib Jatene, por exemplo, é como se fosse um Picasso, ou Van Gogh na matéria. Essa é a exceção e não a regra. E Jatene tem consciência social, é bom que se diga.


Há uma diferença abissal entre o ensino de medicina em Cuba e o ensino de medicina no Brasil, se levarmos em conta o nível das faculdades privadas – em sua esmagadora maioria – a diferença fica insuperável.

Escuela Latinoamericana de Medicina - Cuba


É de formação, começa aí. O médico formado em Cuba, com um currículo que o torna apto a ser médico em qualquer parte do planeta, tem a visão de mundo a partir de políticas públicas de saúde, de saneamento básico. O médico brasileiro, se não for integrante das quadrilhas que dominam o setor, vai carregar uma cruz sem tamanho e sabe que vai trabalhar pelo menos doze horas por dia a troco de um salário de irrisório. Qualquer avanço que queira obter, especialização, pós, mestrado, doutorado, etc., vai depender dele, do esforço dele.

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