sábado, 9 de maio de 2009
EU TAMBÉM SEI RECLAMAR!
Por Chagas Batista
No momento em que policiais, professores, fiscais, enfermeiros, defensores, pirangueiros vão às ruas para protestar por direitos, “eu vou entrar também nessa jogada, porque eu fui o primeiro e já passou tanto Janeiro, mas se todos gostam eu vou voltar”. Vou me juntar ao movimento dos sem voz, sem emprego, sem diploma, sem farda e sem gravata, sem carro e sem transporte, sem terra e sem pão, sem lenço e sem documento, para também reclamar.
Nos últimos 10 anos o Acre mudou substancialmente. Organização do estado como instituição legal e democrática, grandes investimentos e melhoria da infra-estrutura e dos espaços públicos, programas de inclusão social e consideráveis avanços em educação, saúde e demais serviços. Mesmo sendo um estado pobre, certamente no mesmo período, avançamos mais que o resto do Brasil, que vem evoluindo na melhoria de seus indicadores sociais, entretanto, não podemos fechar os olhos para o grande desafio a ser enfrentado: a redução da pobreza e da desigualdade.
Não é precipitado afirmar, que pouco avançamos em termos em termos de distribuição de renda. É claro que os programas sociais de parcerias com governo federal, o volume de investimentos em obras publicas, transfere renda aos mais pobres, mas se observamos de forma mais atenta, vamos concluir que, quem mais ganhou nesse período foi a classe média e os mais ricos. (funcionalismo publico organizado, empresários do comercio, construção civil e prestadores de serviços). A acumulação de riqueza de um lado contrasta com a inexistência de bens do outro.
Um dado é suficiente para justificar essa preocupação: estima se que quase a metade da população acreana sobrevive com 120,00 reais da Bolsa Família. São milhares de famílias vivendo em condições de extrema dificuldade, em condições precárias de moradia, alimentação, educação, saúde, lazer e com pouco horizonte de melhoria de qualidade de vida. Esse quadro injusto e desigual reproduz mais pobreza, sofrimento e violência.
O problema da desigualdade e da injustiça é inerente ao sistema de produção capitalista hegemônico no mundo. Que concentra renda e exclui bilhões de vidas dos bens de consumo e de suas necessidades básicas. No mundo apenas 500 grandes coorporações, controlam quase 50% produção mundial. Aqui em nosso país, desde que Brasil é Brasil, imperar a brutalidade da concentração de poder e renda na mão de poucos. Mesmo com os avanços mais recente em termos de distribuição de renda, ainda temos apenas 6% da população Brasileira controlando a posse de todos os meios de produção. No Acre não é diferente, mas pode ser.
O caminho para enfrentar as desigualdades deve ser através da construção de um grande entendimento entre governo e a sociedade. Um pacto capaz de produzir mobilização popular, pela promoção de políticas de proteção social, de educação, saúde, trabalho e organização produtiva. A união do estado e da sociedade com base nesses compromissos deve ser o meio necessário para o desenvolvimento de um novo padrão civilizatório, contemporâneo, gerando de forma transparente os investimentos públicos, em conformidade com as possibilidades e necessidades da população.
Nesse momento em que assistimos em Rio Branco uma explosão de greves e manifestações, Professores, agentes de policia, gente de farda e de gravata vai às ruas fazer protestos e outras categorias já avisaram que também vão. Nesse momento de efervescência política e disposição de luta por direitos de vários seguimentos sociais, é importante lembrar dos esquecidos, sem voz, sem carteira assinada, sem transporte, sem planos de saúde, sem condições de ingressar o filho na universidade e sem dinheiro para garantir alimentação e uma moradia decente. Eles são quase a metade da população.
Se não enxergáramos isso, o professor não vai poder ter tanto orgulho da função que ocupa na transformação da sociedade. A policia vai ter muito trabalho de prender e contornar a explosão da delinqüência e da criminalidade, os defensores públicos não vão dar conta de cuidar dos processos, dos conflitos familiares e das pensões alimentícias, as enfermeiras e os médicos não vão ter tempo de atender e consultar tanta gente, especialmente de crianças e idosos, Muitos doentes por falta de alimentação e informação.
Um Acre com todos e para todos é possível!
Trabalhadores e excluídos de todo o Acre, UNI-VOS!
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