quinta-feira, 24 de março de 2011

A “aposentadoria” de Lula


Segundo relatei no post anterior, pessoas próximas a Lula garantem que ele não quer voltar a se candidatar a mais nada nunca mais. Se formos analisar bem, seria uma medida para lá de sensata. Desde a sua primeira candidatura a presidente, em 1989, que não passa um só dia sem que o ataquem de todas as formas que se conceba.

O mais espantoso é que estamos chegando ao fim do terceiro mês de um novo governo e a mídia continua atacando o ex-presidente todo santo dia, como se ele ainda estivesse no poder. É de imaginar como alguém consegue ignorar tantos ataques sem se deixar levar pelo ímpeto de responder.

De qualquer forma, se procede mesmo a informação que recebi de que Lula não pretende voltar a se candidatar a mais nada, parece-me que sua suposta desistência da disputa de cargos não significa desistência da política.

A agenda do ex-presidente está cheia não só de conferências e homenagens; veio a público notícia de que pretende coordenar a campanha eleitoral municipal do PT, ano que vem. E continua influindo no governo Dilma, pelo que me foi dito, pois ela se aconselharia com ele com freqüência.

Enquanto influir na política, se continuar popular como foi Lula pode se tornar um grande obstáculo ao sonho da centro e da extrema direitas de voltarem ao poder. E que ninguém duvide de que ao menos a centro-direita no poder é mais confortável para a elite do que a centro-esquerda jamais será.

Lula, evidentemente, está enveredando pela mesma filosofia de Pelé. Sair “na hora certa”, no auge, deixando de si para a história uma trajetória repleta de êxitos. Desta forma, adquire uma autoridade para opinar e ser ouvido pelos brasileiros maior do que se voltasse a governar alguma coisa, o que sempre produz risco de algum acidente de percurso.

Na noite de 31 de outubro do ano passado, fui à festa da vitória de Dilma na avenida Paulista e lá encontrei um dos filhos de Lula. Ele me relatou que o pai não consegue parar. Que ele vive dizendo que quer parar a todos em volta, mas ninguém consegue imaginá-lo fora da política. A mídia, principalmente.

Bem, ele deve saber que, se continuar influindo na política, jamais pararão de tentar destruir a sua imagem no imaginário do povo, pois mesmo fora do poder a lembrança de sua época sempre será uma espada sobre a cabeça dos conservadores midiáticos.

Particularmente, eu pararia com tudo e iria pescar. As difamações que Lula recebe diariamente são cruéis, injustas, mentirosas, revoltantes. Não conseguiria conviver com isso sem responder à altura. Alguns homens, porém, não conseguem parar. E, pensando bem, eu mesmo não sei se conseguiria parar com a militância.

Será justo, porém, pedir que Lula continue sendo difamado sem parar na mesma toada que nos últimos 22 anos? Se desistisse de vez da política, mesmo que a mídia jamais aceite lhe fazer Justiça, os livros de história farão e ele parará de ter que ler ou escutar as piores ofensas dia após dia.

Os verdadeiros amigos de Lula e sua família devem estar doidos para que ele pare. Eu ficaria doente se tivesse que aturar tantos ataques sem ter como enfrentá-los de igual para igual. E, depois de uma certa idade, não se deve brincar com a própria saúde. Além disso, ele não é eterno. E o país precisará de líderes.

Mas Lula conseguiria se aposentar? A mídia acha que não… Fonte: blog da cidadania

Nenhum comentário:

Postar um comentário