terça-feira, 10 de agosto de 2010

Sem reviravolta à vista, estagnação já ronda Serra e Marina

A eleição presidencial 2010 está transcorrendo como os velhos conhecidos enredos de novela: lenta e previsível. Claro, há sempre a promessa de mais emoção no próximo capítulo. Mas o desfecho parece inevitável.


As pesquisas mostram Dilma em trajetória ascendente (com exceção da Datafolha, para quem a ex-ministra já atingiu um teto) e Serra e Marina em situação de estagnação. Além disso, no caso do tucano, todos os institutos afirmam que ele não ganha um voto novo sequer desde setembro de 2009.


A explicação é simples. Dilma é a expectativa de continuidade de um governo que, aos oitos anos, bate recordes de aprovação e popularidade. As pesquisas apontam que o eleitor age com racionalidade econômica, depositando seus votos na continuidade de um projeto que combina baixa inflação, expansão do crédito e políticas distributivas.


Dessa forma, criou-se a expectativa de que apenas o desempenho pessoal dos candidatos poderia mudar esse cenário pró-Dilma. Especialmente no que toca a um possível mal desempenho da petista (que começaria a “pedalar em uma bicicleta sem rodinhas”) e performances brilhantes de Serra e Marina.


Entretanto, não foi isso o que aconteceu no primeiro debate presidencial,realizado na semana passada. Apesar das dificuldades com a câmeras de TV e com situações que exigem espontaneidade, Dilma saiu-se relativamente bem, pois seu papel, de maneira geral, limita-se a apresentar indicadores de políticas governamentais.


Além disso, a tarefa da petista é facilitada porqueSerra e Marina ainda não sabem como se portar em relação ao governo Lula.


A estratégia de enfrentamento direto, ensaiada por Índio da Costa nas últimas semanas, foi desacreditada pelos resultados das últimas pesquisas, que permaneceram como estavam ou indicaram o aumento da diferença entre Dilma e Serra, como mostrou o último levantamento CNT/Sensus.


Portanto, Serra continua mais conservador, com críticas focadas nos setores onde o governo Lula possui menos de 50% de aprovação (saúde e segurança). O risco é que a exploração dessas áreas não seja suficiente para alavancar o PSDB.Não há notíciasde candidaturas vitoriosas, no Brasil ou no exterior, que não tenhamcomo base a empolgação das pessoas quanto à expectativa do aumento de renda, consumo e trabalho.


É inevitável deixar de perceber que Serra se parece com aqueles personagens que a história, vez por outra, escolhe para aprontar suas travessuras. Em 2002, ele era a opção de continuidade e as pessoas queriam mudança. Hoje, ele representa a mudança em um cenário que favorece a continuidade.


Por sua vez, Marina não conseguiu se desvincular do PT. Foi Plínio Sampaio que notou que a senadora continua defendendo as políticas do governo Lula como se fossem suas.


Dessa forma, como ela espera estimular as pessoas a mudarem de time?


Deve-se ressaltar também a falta que uma estrutura partidária faz. O PV ainda é uma ficção, que combina o progressista Fernando Gabeira e o conservador Zequinha Sarney na mesma panela. Não há organicidade nem densidade eleitoral. A prova disso é que Marina só tem palanques estaduais em onze unidades da federação, todos lançados pelo próprio PV, com chances reais apenas no Rio de Janeiro (Dilma tem 42 palanques nos estados e Serra 24).


Por tudo isso, mantidas as atuais condições de temperatura e pressão, a novela presidencial parece caminhar para um fim previsível e inexorável. O clima morno favorece o time que está ganhando e caso Serra e Marina não consigam descobrir como mudar o tom, os próximos debates servirão apenas para “cumprir tabela”.Cristina Lemos do R7



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