No inicio dos anos 70 quando chegamos a Tarauacá um assunto dominava a cidade. Futebol e a presença do exercito Brasileiro na abertura da estrada de Tarauacá para Cruzeiro do Sul. Eu não ouvia falar o nome do prefeito, nem do Juiz da cidade, mas ouvia com frequência o nome do coronel chefe do 7º batalhão que comandava as tropas no município.
Ouvia falar muito também sobre a valentia dos recrutas. Jovens que todos os anos eram chamados para “servir a pátria amada”. O que se ouvia era que os jovens militares formavam arruaças, acabavam as festas, enfrentavam policiais e namoravam com as moças que desejavam. Muitos pais não deixavam suas filhas sair na rua com medo de serem agredidas. Até os "barões da borracha temiam".
O temor era maior quando ouvia-se comentários que o Capitão chefe dos recrutas, do auto de sua arrogância avisava: “Quem tiver suas Poldas que prendam, porque meus cavalos estão soltos”. Ou seja, a palavra do comandante militar deixava explicito que, se seus soldados extrupasse um moça o crime era do pai que não prendia sua filha.
Na Escola Plácido de Castro onde comecei a estudar, todos os dias, antes de começar a aula éramos obrigados cumprir a ordem unida. A gente entrava numa fila e marchava até entrar na sala. Na hora do recreio era o mesmo ritual, tudo era feito em forma de obediência ao regime militar.
Quando se aproximava do dia da independência ou aniversário da cidade, os militares iam para dentro das escolas para ensinar os estudantes a marchar. Os saldados agiam com truculência contra o aluno que não cumprissem tudo como eles ordenavam. Um dia vi um sargento usar o coice da metralhadora para forçar um aluno que tinha as pernas cambota ficar na posição “sentido”, com as pernas bem coladinhas do joelho ao calcanhar.
Um dia os militares exageram na dose, pegaram um aluno que teimava em não cumprir as suas ordens, arrastaram da fila chutaram, rasgaram a roupa do estudante rebelde e levaram para o quartel. A reação foi imediata. Os alunos deixaram a marcha e se dirigiram rumo ao quartel para repudiar a truculência. A reação da repressão foi mais rápida. Um tenente pulou no meio da rua e gritou: “corram para dentro da escola senão prendo todos vocês”. Todos correram em disparada para dentro da sala e eu fiquei sozinho teimando a olhar para o Tenente. O oficial aproximou-se e me indagou: Você é doido? Respondi que não, disse a ele que eu estava ali porque um estudante havia apanhado sem merecer. O militar ficou me olhando e começou conversar até me convencer a voltar para a sala de aula e deixar o colega preso. Dias depois, encontrei o tenente, ele me reconheceu e convidou-me para jogar bola na quadra da escola.
Acredito que esse episódio me despertou consciência e rebeldia contra as Tronqueiras que impedem o curso livre das águas e do barco no Rio.
Ouvia falar muito também sobre a valentia dos recrutas. Jovens que todos os anos eram chamados para “servir a pátria amada”. O que se ouvia era que os jovens militares formavam arruaças, acabavam as festas, enfrentavam policiais e namoravam com as moças que desejavam. Muitos pais não deixavam suas filhas sair na rua com medo de serem agredidas. Até os "barões da borracha temiam".
O temor era maior quando ouvia-se comentários que o Capitão chefe dos recrutas, do auto de sua arrogância avisava: “Quem tiver suas Poldas que prendam, porque meus cavalos estão soltos”. Ou seja, a palavra do comandante militar deixava explicito que, se seus soldados extrupasse um moça o crime era do pai que não prendia sua filha.
Na Escola Plácido de Castro onde comecei a estudar, todos os dias, antes de começar a aula éramos obrigados cumprir a ordem unida. A gente entrava numa fila e marchava até entrar na sala. Na hora do recreio era o mesmo ritual, tudo era feito em forma de obediência ao regime militar.
Quando se aproximava do dia da independência ou aniversário da cidade, os militares iam para dentro das escolas para ensinar os estudantes a marchar. Os saldados agiam com truculência contra o aluno que não cumprissem tudo como eles ordenavam. Um dia vi um sargento usar o coice da metralhadora para forçar um aluno que tinha as pernas cambota ficar na posição “sentido”, com as pernas bem coladinhas do joelho ao calcanhar.
Um dia os militares exageram na dose, pegaram um aluno que teimava em não cumprir as suas ordens, arrastaram da fila chutaram, rasgaram a roupa do estudante rebelde e levaram para o quartel. A reação foi imediata. Os alunos deixaram a marcha e se dirigiram rumo ao quartel para repudiar a truculência. A reação da repressão foi mais rápida. Um tenente pulou no meio da rua e gritou: “corram para dentro da escola senão prendo todos vocês”. Todos correram em disparada para dentro da sala e eu fiquei sozinho teimando a olhar para o Tenente. O oficial aproximou-se e me indagou: Você é doido? Respondi que não, disse a ele que eu estava ali porque um estudante havia apanhado sem merecer. O militar ficou me olhando e começou conversar até me convencer a voltar para a sala de aula e deixar o colega preso. Dias depois, encontrei o tenente, ele me reconheceu e convidou-me para jogar bola na quadra da escola.
Acredito que esse episódio me despertou consciência e rebeldia contra as Tronqueiras que impedem o curso livre das águas e do barco no Rio.
Emblematico, marcante e corajoso esse seu despertar para a luta. E que guinada nessa narrativa, outro rumo, ja sem a lembraça dolorida do Santa Maria, porem creio que o serigal seta para sempre um referencial indestrutivel.
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