quarta-feira, 7 de outubro de 2009

OEA chega a Honduras pedindo pressa e vontade política


O secretário-geral da OEA (Organização de Estados Americanos), José Miguel Insulza, abriu nesta quarta-feira (7) o diálogo sobre a crise hondurenha, em Tegucigalpa, dizendo que uma solução não deve "tomar muito tempo, se existe acima de tudo uma real vontade política". Insulza reafirmou que as eleições não serão reconhecidas sem o retorno do presidente eleito, Manuel Zelaya.

Miguel Insulza, da OEA: recusa a "trocar recriminações"

O líder da OEA chefia uma missão de ministros e diplomatas que participa das negociações entre Zelaya e o governo instalado pelo golpe de 28 de junho, que tem à frente Roberto Micheletti. Os negociadores chegaram hoje à capital hondurenha e em seguida se reuniram a portas fechadas com representantes das duas partes em conflito, no Hotel Clarion. As declarações foram dadas antes do início da reunião.

Insulza insistiu no reestabelecimento das liberdades e garantias constitucionais, suspensas por Micheletti no último dia 30. Solicitou também a reabertura da Rádio Globo e do Canal 36 de TV, tirados do ar pelos golpistas no dia 31. Pediu ainda que se garanta condições de trabalho a Zelaya, abrigado desde o dia 21 na embaixada do Brasil em Tegucigalpa, e que se evite manifestações "que rompam a ordem" enquanto o diálogo está em curso.

"Iniciamos hoje um processo de diálogo que tem como objetivo superar a crise política em que o país está envolvido, a partir dos acontecimentos de 28 de junho passado. Não quero dizer com isso que os problemas tenham começado nesse dia; provavelmente suas origens vêm de antes", disse Insulza.

O diplomata chileno disse que a missão da OEA não se reúne com os representantes de Zelaya Micheletti para "trocar recriminações" mas visando "encontrar soluções concretas para uma situação que não pode se prolongar.

"O atual estado de coisas não convém a ninguém", disse Insulza. E advertiu que as eleições hondurenhas, marcadas para 29 de novembro, não serão reconhecidas pela comunidade internacional caso não se garanta que elas sejam produto "da vontade do povo". Rechaçou assim a proposta aventada por Micheletti, de devolver o mandato de Zelaya apenas depois da consulta às urnas.

Em nome da missão internacional, o ex-chanceler do Chile pediu que o diálogo leve em conta "todos os pontos colocados dois meses atrás na proposta denominada Acordo de San José. Continuamos convencidos de que esses pontos contêm um caminho que reestabelece a democracia e o caminho constitucional", frisou.

O Acordo de San José, mediado pelo presidente de Costa Rica, Oscar Arias, propõe basicamente cinco pontos:
1) A reconcução de Zelaya à presidência;
2) A formação de um governo de conciliação nacional;
3) Não realização de uma Assembléia Constituinte durante a gestão;
4) Anistia geral; e
5) Criação de uma comissão para garantir essas disposições.

Zelaya expressou nesta quarta-feira que aceita os termos do Acordo de San José, mas deu um prazo até o dia 15 para seu retorno à presidência, sob pena de as aleições se tornarem "automaticamente inválidas". Micheletti insiste em recusar três dos 12 pontos da proposta, entre eles o mais importante – a imediata recondução do presidente deposto.

ON governo golpista marcou o primeiro dia das negociações com mais um ato de brutalidade. A polícia dispersou mais uma manifestação popular pela volta de Zelaya com bombas de gás lacrimogêneo. "O diálogo iniciou com maus agouros", observou o presidente deposto.

Da redação, com agências

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