sábado, 18 de julho de 2009

MAIS RESPEITO A ESSES COMBATENTES DE SELVA!

Nesta semana a série MAIS RESPEITO A ESSES COMBATENTES DA SELVA, traz o depoimento do Cearense de Ctateús, Edson Machado Portela 95 de idade. voz cansada, me recebeu em sua casa no final da tarde de Quinta-Feira , dia 16. num determinado momento pediu para interromper a conversa, alegando cansaço, após um pausa começou a conversar e não parava mais. Diferente de muitos Arigós que vieram para Amazónia pelo esforço de produzir borracha para no período da guerra e motivado pela propaganda de ganhar dinheiro fácil, seu Edson, veio para Tarauacá com seu pai, um irmão e mais de 20 parentes.

" Eu sai da minha terra em11 de Março de 1944, era a época da guerra, a gente tinha que escolher, ir pra guerra ou vir cortar seringa. Pegamos o Navio em Sobral de uma companhia da América do Norte que vinha do Piauí. Eu tinha 30 anos de idade. O ministro da Guerra era o Eduardo Gomes, ficamos três dias em Fortaleza tirando documentos, pegando Instrução e alguns objetos para a viagem, pratos colher, essas coisas. em seguida partimos para Belém.


O nosso navio vinha acompanhado por outro navio para nos proteger dos ataques dos submarinos. O nosso Navio era muito grande, tinha Três andares Trazia umas 2000 mil pessoas. Quando Chegamos em Belém ficamos mais de 8 dias esperando outro navio e pegando instruções. Ai pegamos um Navio da companhia Sinaypa de nome colibri para Manus.


Em Manaus passamos 28 dias, depois pegamos o Navio e viemos até Carauari e ficamos esperando outro navio menor com nome de Chata. Saímos de lá viemos para Tarauacá e depois seguimos viagem direto para seringal União no alto Tarauacá.

Quando chegamos lá ninguém cnsegui trabalhar, a Cesão ( malária) pegava todo mundo, era muito sofrimento, uns doentes outros morrendo, meu pai e muitos parentes que vieram comigo morreram de Cesão.


Vendo que lá era difícil, muita doença e ruim de leite, fui parar no seringal Cecy, nas cabeceiras do Rio murú. Fiquei por Lá uns tempos e depois varei pela mata e fui para no Seringal Jaminawá na cabeceiras do Rio Tarauacá, onde trabalhei por muitos anos. na época o sofrimento era grande, não existia médico nem medicamento, a gente se socorria com o remédio da mata. a gente também tinha muito medo das onças, tinha onças demais, quando a gente saia para a estrada esturrava onça para todo canto.


Eu sempre fazia muito borracha pensando tirar um saldo para volta ao Ceará, com muita dificuldade, em 1953 eu consegui voltar na minha terra, mas a maioria dos que vieram comigo morreram e não conseguiram voltar. Morreu muita gente de Cesão nesses seringais, morreu muito mais do que na guerra. Os que foram para guerra hoje ganham um aposetadoria muito melhor que a nossa , que sofremos muito mais. dizem há muito tempo que temos o direito de ganhar igual aos que foram oara guera, mas até agora nada.

Um comentário:

  1. Sou testemunha da bravura e resistencia desse grande brasileiro, Senhor Edson Portela, um herói de verdade!!!

    Quando passo em Tarauacá, combino com ele caminhar cedinho, por volta das 4h, quando surpreendo-me com sua energia e disposição, além da emoção de sua percepção de espaço e lugar, chamando as pessoas pelo nome, ao passar em frente às suas casas.

    Tamanha bravura e história de vida desses combatentes deve ser reconhecida pelo poder público, U R G E N T E, como forma de amenizar as agruras dos tempos negros de Vargas.

    Parabéns ao blog pelo trabalho histórico que promove ao divulgar a história desses nossos heróis de verdade!!!

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