quarta-feira, 15 de julho de 2009

UNE é destacada como ''usina'' de líderes em homenagem na Câmara

Lúcia Stumpf-presidente da UNE

Os parlamentares que fizeram homenagem à União Nacional dos Estudantes (UNE), em sessão solene da Câmara, na manhã desta quarta-feira (15), são, em sua maioria, oriundos do movimento estudantil. A comemoração dos 30 anos de reconstrução da UNE destacou a trajetória e as lutas empreendidas pela entidade, mas a distinguiu também como “usina” de lideranças políticas nacionais. A sessão marca também a abertura do 51o Congresso Nacional da entidade, que acontece em Brasília até o próximo domingo (19).

O vice-presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), que presidiu a sessão e foi o primeiro orador, deu o tom dos discursos. Segundo ele, os estudantes se comprometeram, ao longo do tempo, com as causas da democracia, como as campanhas contra as ditaduras desde a era Vargas e em favor da anistia e de eleições diretas, e que vários dirigentes da UNE posteriormente se elegeram deputados.


A entidade, criada em 1937, foi primeiro alvo do golpe militar de 1964, com o incêndio da sede da entidade no Rio de Janeiro em 1º de abril. Na programação do evento desta quinta-feira (16), o Presidente Lula fará lançamento simbólico da pedra fundamental da sede história da entidade, localizada na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro.


José Geraldo de Sousa, reitor da Universidade de Brasília (UnB) e representante da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), um dos últimos oradores, queixando-se de já não ter mais o que dizer, destacou que “(a UNE) ter este papel protagonista não é uma deferência de conjuntura, é a consequência de uma história. São 72 anos de luta histórica. Não há muitas instituições na nossa sociedade com esta biografia institucional. São 30 anos de reconstrução, o que significa que a história vivida não apenas como continuidade, é vivida também como lampejo de resistência; é também memória para manter viva na consciência da sociedade que há momentos em que a luta é síntese de vários simbolismos de toda a nossa história.”


Luta atual


A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), que junto com a deputada Manuela D´Ávila (PCdoB-RS) solicitou a sessão solene, acrescentou aos aspectos históricos destacados em todos os discursos, a luta atual da entidade, por uma expansão do ensino superior, “com fortalecimento cada vez maior do setor público, renegando fórmulas esdrúxulas de substituição do setor público pelo setor privado.”


Manuela D'Ávila, que revezou com Alice Portugal a direção da Mesa, após a saída de Marco Maia, destacou que as lutas atuais são reprises de lutas antigas, lembrando que “Há exatos 61 anos, no dia 15 de julho de 1948, numa primeira fase antes da ditadura militar, a UNE saía às ruas na luta pelo O petróleo é nosso!.”

E acrescenta: “hoje a nossa entidade luta pelo pré-sal, pelo uso desses recursos na educação pública do País e para que a Petrobras siga sendo uma empresa forte, brasileira e saudável.” Esse será o tema da passeata que acontece às 16 horas desta quinta-feira, na Esplanada dos Ministérios, como parte da programação do 51o Congresso Nacional da entidade.


Reavivando a memória

Coube à atual presidente da UNE, Lúcia Stumpf, a saudação ao passado: “Saudar os 30 anos de reconstrução e aqueles que realizaram o congresso de 1979 serve para que possamos reavivar a memória dos que hoje fazem o movimento estudantil. Aqueles que lutaram contra a ditadura militar, como o Deputado José Genoíno, que aqui deu o seu depoimento, os que realizaram o Congresso de Ibiúna, os que tombaram na luta pela democratização do Estado brasileiro, aqueles que reconstruíram a UNE em 1979 hoje se fazem presentes neste 51º Congresso.”


O deputado José Genoíno (PT-SP), ao citar o refrão repetido por todos – “a UNE somos nós, nossa força e nossa voz”, contou como a frase foi escrita, com pasta de dentes nas sacolas pretas, pelos presos políticos, no antigo Presídio Tiradentes, para se comunicar com os estudantes que estavam do lado de fora, na época da ditadura militar.


Desafios futuros


O ministro do Esporte, Orlando Silva, também ele um ex-dirigente da entidade, falou sobre o futuro da UNE, que será, na vida nacional, canal eficiente de diálogo com a sociedade, de ampliação da democracia, da participação social, de controle social das políticas públicas, que são mecanismos fundamentais para consolidar a democracia no Brasil. “Acredito que a UNE terá papel chave neste novo momento que o País vive no cenário internacional”, resumiu.


Outro ex-presidente da UNE, Cláudio Langoni, lançou três desafios para as direções futuras da entidade. O primeiro é fazer o Brasil encontrar saídas para superar a contradição, ainda presente na nossa sociedade, entre desenvolvimento econômico e proteção do patrimônio ambiental.


O segundo desafio para a UNE é provocar as universidades para que olhem para o mundo real, trabalhando um projeto que busque a inserção dos jovens que estão saindo das universidades no mercado de trabalho.


O terceiro desafio diz respeito à discussão do petróleo. “Se os jovens e a sociedade não pressionarem o Governo, esse dinheiro, que é extremamente significativo, continuará sendo usado para fazer o superávit primário e não para ampliar o nosso conhecimento sobre esse importante patrimônio”, afirmou.

Deputados de todos os partidos falaram na sessão para homenagear a entidade. desde Ivan Valente, do PSOL de São Paulo, até Efraim Filho (DEM-PB). Leia a íntegra dos discursos da sessão solene.

Márcia Xavier

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