domingo, 30 de agosto de 2009

Tarauacá, minha cidade está doente

Há alguns dias estive visitando minha cidade, passei em cada rua, em cada bairro, visitei amigos, parei para conversar, para ouvir as pessoas, conhecer o sentimento que habita por ali. Não posso dizer outra coisa a não ser que senti tristeza, uma sensação de estar regressando ao atraso, um sentimento de que destruíram meu lar.

Em cada parte da cidade o contraste das forças do avanço com as do atraso. Vi belas casas, lindas lojas, hotéis, belos carros, mas também vi ruas destruídas, urubus nas ruas, lixo nas calçadas, prédios públicos caindo. Vi uma migração social de minha cidade para a nossa irmã Feijó. Gente que busca uma consulta, atividades culturais, fazer exames, namorar e até mesmo estudar.

Queixas, arrependimento, tristeza, raiva, preocupação e medo são os sentimentos e situações que movem as pessoas por ali. A pergunta é “onde foi que erramos”? O erro que faz Tarauacá sangrar não é de agora, é de décadas; não é individual, é coletivo; não é um ato fora de nossa idiossincrasia, e sim uma prática cultural no nosso meio.

Muitos de nossos políticos padecem da síndrome do novo rico. Quando chegam ao poder, se lambuzam na lama da corrupção, e se transformam em "Sheiks". Esquecem que um dia foram pobres, e torturam os pobres. Mudam de partido e de amigos como mudam de camisas. Vendem sua moral e seu mandato por favores pessoais e ignoram o voto do povo.

Não, não devemos estar surpresos com o que estamos vivendo, e sim tristes. Essa é a herança que nossos governantes locais deixam aos nossos jovens, transformam literalmente a política na arte do possível; passam a idéia de que vencer na vida é deixar de ser pobre e passar a ser rico, mesmo que seja necessário deixar pelo caminho a ética, a moral, a confiança depositada pelo povo, e a consciência das mãos limpas.

Tarauacá precisa de um novo perfil de político, como um dia o Acre precisou. Precisa de homens e mulheres que encham seu povo de orgulho e não de vergonha; que compreendam a diferença entre a coisa pública e a particular; que olhem para o futuro e não para seu umbigo; que saibam e valorizem os conceitos de vergonha, ética, moral e responsabilidade; que adocem e não que ridicularize a terra do abacaxi.

Um dia o povo de Tarauacá banirá esta doença social e política de nossa cidade; construirá o novo homem, uma nova sociedade, um novo lugar. O espírito de nosso povo se renovará, e jamais voltará ao passado. Seremos verdadeiramente a cidade da mulher bonita e do abacaxi grande. Seremos o vizinho admirável de nossa amiga Feijó, de um povo alegre, futurista, atualizado e feliz, pois o Acre já encontrou o seu caminho, e nós tarauacaenses, somos também acreanos.

Por: Janilson Lopes Leite
Médico e militante do PC do B

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