José Plácido de Castro (foto de Percy Fawcett, 1907)
FABIO PONTES
Hoje se comemora 107 anos do início da Revolução Acreana, como ficou intitulado o movimento guerrilheiro formado por seringueiros nordestinos, que lutou contra o Exército boliviano para tornar o Acre um pedaço do Brasil. Liderados pelo gaúcho José Plácido de Castro, homens que nunca tiveram treinamento militar se embrenharam no meio da floresta numa luta em busca de um ideal.
Hoje se comemora 107 anos do início da Revolução Acreana, como ficou intitulado o movimento guerrilheiro formado por seringueiros nordestinos, que lutou contra o Exército boliviano para tornar o Acre um pedaço do Brasil. Liderados pelo gaúcho José Plácido de Castro, homens que nunca tiveram treinamento militar se embrenharam no meio da floresta numa luta em busca de um ideal.
Depois de cinco meses de combate, os acreanos saem vitoriosos em 24 de janeiro de 1903. Mas antes do dia 6 de Agosto de 1902, dentro dos seringais acreanos surgia uma revolução silenciosa, cujo maior interessado era o governo do Amazonas. Afinal de contas, o Acre era a principal fonte do ouro negro: a borracha, que no início do século passado era um dos principais insumos para a indústria automobilística, que engatinhava seus primeiros passos.
No meio da floresta, pessoas anônimas, que muitas vezes ficam de fora dos livros de História, deram os primeiros passos para tirar esse pedaço de terra das mãos da Bolívia. Entre esses heróis desconhecidos está o advogado cearense José Carvalho, que, revoltado com as ações dos bolivia-nos aqui, proclama, em 1º de maio de 1899, o Estado Independente do Acre.
Sem apoio político do governo amazonense e da então capital Rio de Janeiro, Carvalho perde forças e logo deixa o Acre. Pouco se sabe do que aconteceu com ele. Segundo alguns historiadores, ele teria se tornado deputado estadual no Pará, e morrido anos depois em sua terra, o Ceará. Logo depois, o despojado espanhol Luiz Gálvez é enviado para o Acre com o apoio de Manaus.
Em meio a onda de insatisfação dos brasileiros que aqui moravam, Gálvez contraria Amazonas e proclama, pela segunda vez, em 14 de julho de 1899, o Estado Independente do Acre. Assim como Carvalho, ele não encontra apoio político para seu ato, e logo é destituído. De 1899 até 1902, os acreanos continuam a viver sob o domínio da Bolívia, que passam a obrar fortunas de impostos da borracha que saía do Acre.
Insatisfeitos, os barões da borracha em Manaus organizam um movimento para-militar. Chamam um ex-sargento do Exército Brasileiro, Plácido de Castro, e se começa a elaboração de táticas para derrubar os bolivianos. No dia 6 de Agosto de 1902, Plácido de Castro surpreende o exército inimigo nas primeiras horas da madrugada, quando os bolivianos celebram a independência do país.
É a partir daí que nasce o famoso diálogo narrado nos livros entre Plácido de Castro e um oficial boliviano, que, ao recepcionar o gaúcho, lhe diz: és temprano para la fiesta. E então responde Plácido de Castro: No és fiesta, és revolución!
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