terça-feira, 10 de novembro de 2009

Pós-muro de Berlim, ano 20: o socialismo vive


As celebrações do 20º aniversário da queda do Muro de Berlim, nesta segunda-feira (9), foram irremediavelmente contaminadas pela outra queda do outro muro – que veio abaixo com a fase agura da crise capitalista, em setembro do ano passado. É evidente o desconforto dos festejadores da suposta morte do socialismo, ao ver o Lásaro socialista que se ergue outra vez.

O que se encerrou na crise de 1989-91 foi uma experiência socialista determinada, a da União Soviética e dos regimes socialistas que a tomaram como modelo. Outras trajetórias socialistas, como a chinesa, a vietnamita ou a cubana, que buscaram os seus caminhos próprios, ditados por suas realidades nacionais, vão bem, obrigado. E outros ensaios de construção de um sistema que supere o capitalismo brotam, agora mesmo, na Venezuela, Bolívia e Equador, no bojo da Grande Rebelião Latino-Americana em curso.

Isto não exime os socialistas do século 21 de se debruçarem sobre as experiências do século 20, em especial a soviética, que foi a maior delas. Ela é parte inseparável das lutas da classe trabalhadora por sua libertação nacional e social. Trouxe os trabalhadores, definitivamente, para o centro da arena social e política da modernidade. Ousou tomar os céus de assalto, como disse Karl Marx referindo-se à Comuna de Paris de 1871.

Essa bela, generosa experiência revolucionária terminou em derrota, e pior, após uma longa e dolorosa fase de crise e regressão. Ao longo dela, dentro e fora do campo soviético, não faltaram as críticas pela esquerda. O exame da jornada socialista soviética deve avaliarcom rigor os seus erros, desde o estancamento teórico até o déficit democrático e a burocratização crescente, até porque foram causas internas que decidiram o resultado final.

Esse resultado foi uma contra-revolução capitalista – por mais que esta tenha iludido os jovens alemães da época. Custou duas décadas de império quase absoluto do imperialismo norte-americano, do deus-mercado e do dogma neoliberal.

Durou pouco. A crise de 2008-09, a tenaz resistência dos trabalhadores e dos povos, vão superando essa quadra retrógrada. Se na Europa ainda é sensível a poeira do muro, a empurrar o continente para a direita, em nossa jovem América Latina os ventos são bem outros, do Rio Grande à Terra do Fogo. E há mais de uma década. No mundo em transição da atualidade, é o capitalismo que se desmoraliza e gagueja, enquanto o socialismo vive uma fase de renascimento e renovação. No fundo, o socialismo enquanto sistema social ainda vive a sua infância. Era compreensível e até certo ponto inevitável que sofresse tropeços, como uma criança que aprende a andar.

As experiências de hoje, e as de amanhã, herdam também este aprendizado, que lhes permite caminhar com mais segurança, rapidez e eficácia, rumo ao objetivo número um da nova sociedade, que é o bem-estar cada vez maior de todo o povo trabalhador. Que é o socialismo. Editorial do portal Vermelho

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