Eron Bezerra *
Brava gente brasileira longe vai temor servil ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil... "
No momento em que a nação brasileira completa mais um ano de sua independência é mais do que oportuno recorrermos a essa estrofe do hino da independência e analisar a sua atualidade.A gente brasileira continua brava. Construiu em apenas dois séculos uma nação grandiosa, unitária e diversificada em todos os aspectos.
Figura entre as 10 maiores economias do planeta, apesar de todos os seus problemas sociais. Seus recursos naturais, a criatividade e a eficiência produtiva de seus trabalhadores, associada a uma estrutura de bancos (BNDES, Banco do Brasil, Caixa Economia, BASA, etc.) e empresas públicas do porte da Petrobras, lhe credenciam para liderar esse pelotão num espaço de tempo relativamente curto.
A tudo isso se soma outros fatores de difícil comparação no planeta terra, como a extraordinária biodiversidade amazônica, seu gigantesco manancial hídrico tanto para consumo como para fins energéticos e de transporte fluvial, sua quase inesgotável planície mineral e a espetacular descoberta das jazidas de petróleo do pré-sal.
Mas essa construção nunca foi pacifica. Historicamente a opção de um caminho progressista ou conservador sempre opôs as correntes de esquerda às de direita. Esse embate vem da época do império e persiste até os nossos dias. Se expressa das mais variadas formas.
No império a esquerda lutava pela independência a direita pela manutenção do imperador. Quando veio a república a esquerda lutava pelas conquistas sociais a direita para manter os privilégios dos antigos proprietários de escravos. Entre o nacionalismo de Getúlio Vargas e os avanços trabalhistas por ele defendidos, a direita optou pelo golpismo e o servilismo pró-americano de Carlos Lacerda. Foi assim sempre.
Na república contemporânea enquanto a esquerda fazia opção pelo caminho socialista a direita optava pelos golpes militares mundo afora, em especial na América Latina, interrompendo um curto ciclo de paz e prosperidade material e intelectual.Atualmente o embate continuava Inicialmente de forma velada, agora explícita.
Desde os anos 90, no caso brasileiro, duas opções radicalmente opostas são expostas.A esquerda, cuja essência se agrupa em torno de Partidos como PCdoB, PT, alguns segmentos do PDT, PSB e outras correntes minoritárias, defende um projeto de desenvolvimento nacional assentado no fortalecimento do estado nacional, na reafirmação da soberania nacional, relação soberana e independente com todos as demais nações, valorização do trabalho e do trabalhador, no aumento dos direitos sociais e trabalhistas e na perspectiva de construção de uma nação socialista.
A direita, representada essencialmente por PSDB e PFL em torno de quem gravita correntes como PPS, busca viabilizar a concepção neoliberal. Prega o desmonte do estado nacional, embora tal concepção tenha provocado a uma das maiores crises já paridas pelo capitalismo. Advoga alinhamento subordinado ao império americano, supressão de direitos sociais e trabalhistas e a criminalização dos movimentos sociais.
A direita tenta de todas as formas impedir o avanço da esquerda no mundo, em particular na América Latina. Tramou um golpe contra Hugo Chaves e não desiste um minuto de fazer provocações ao líder venezuelano, insulta sistematicamente, sob os mais dispares pretextos, Rafael Correa do Equador, Evo Morales da Bolívia, Lula do Brasil e acaba de depor Zelaya através de um golpe militar em Honduras.Por outro lado, como a prática é o critério da verdade, a direita não pode mais se esconder. Ela tem que vir a campo.
E nesse caso suas posições ficam evidentes.Apóia abertamente a instalação de bases militares americanas na Colômbia, inclusive algumas delas na Amazônia colombiana. Fica muda diante da aprovação do 3º mandato para Uribe, o que restou da direita na América do Sul, enquanto vocifera com a possibilidade de Chaves ou Lula obterem um novo mandato. Sem mencionar que recorreu a um golpe militar em Honduras para evitar precisamente que o povo fosse consultado sobre essa possibilidade.
Enquanto nós defendemos a exploração do pré-sal sob o controle nacional e com uma justa repartição de seus recursos para o povo, a direita volta com a velha cantilena privatista. Mesmo desmoralizada não se da por vencida. Dispõe de mídia a vontade para atacar sem ser atacada.Mesmo assim os ventos sopram a nosso favor.
Nós queremos 40 horas de trabalho, a direita quer a volta da escravidão e a manutenção do lucro máximo.Os embates no mundo e no Brasil nos ajudam a compreender isso e ao mesmo tempo tirar lições de como a direita atenta e sempre atentou contra a nossa soberania.
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