quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Filha de Wilson Pinheiro toma partido


Hiamar Paiva Pinheiro, 44 anos, professora pós-graduada em educação física pela Universidade Federal do Acre, ex-Vereadora, filha de Wilson Pinheiro, ex- presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia, assassinado a tiros dentro da sede do sindicato em 21 de julho de 1980. Ela é herdeira dos idéias de seu pai.

Está semana tive o prazer de conhecer Hiamar Pinheiro, uma mulher que me pareceu daquelas que não foge das suas origens e convicções de classe, mas que ao mesmo tempo não perde a ternura. Ela diz carregar consigo um compromisso que vai está presente todos os dias da sua vida: HONRAR OS IDEAIS E COMPROMISSOS DO SEU PAI WILSON PINHEIRO. Foi um papo mais que agradável, foi um encontro de esperanças e fé que a solidariedade, a luta dos Trabalhadores vencerá as injustiças e brotará uma nova sociedade, com novos valores civilizatórios.

Hiamar fala com muito orgulho de ser filha de Wilson Pinheiro de Souza, que foi o precursor da resistência à derrubada das florestas e expulsão dos seringueiros de suas colocações na década de 70. Para Hiamar seu pai morreu mais de mais uma vez. A primeira morte deu-se na noite de 21 de julho de 1980, quando ela tina 15 anos de idade- e as outras através da injustiça que lhe nega os mesmos direitos que são reconhecidos àqueles que a época eram apenas coadjuvantes de uma luta que ele liderava sob todos os riscos.

Hiamar com sua mãe Terezinha e autoridades na inauguração do memorial Wilson Pinheiro

Hiamar a exemplo de seu pai, não aceita fazer propaganda de si mesma, talvez ai esteja o segredo porque Wilson Pinhero que inventou os "empates" tenha ficado em segundo plano na mamória dos Acreanos e dos Brasileiros. Na conversa que tivemos, Hiamar confidenciou-me que neste próximo domingo vai tomar uma decisão muito importante na sua vida, vai filiar-se a um novo partido onde ela possa compartilhar seus ideais e dar sequência a luta de Wilson Pinheiro, Vivenciando sua memória e ensinamentos.

História
Pinheiro nasceu no Amazonas e veio morar em Brasiléia no Acre, uma região produtora de borracha. Durante a década de 1960, os preços da borracha desabou, e muitos proprietários começaram a vender suas terras para criadores de gado do sul, Seringueiros tradicionais foram sendo removidos de suas casas e expulsos de suas terras.
Na década de 1970, Wilsom Pinheiro, juntamente com Chico Mendes, juntou os seringueiros da floresta para fazer a resistência. Os seringueiros faziam manifestações em massa de bloqueio da entrada de madeireira. Wilson Pinheiro foi o professor de de Chico Mendes e juntos comandaram a luta no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia.

Wilson Pinheiro era membro da igreja católica apoiada Confederação dos Trabalhadores na Agricultura. Na década de 70, ele e Chico Mendes começaram enfrentar amaeças. Eles inovaram nos métodos de resistência organizando os "empates". Estes protestos foram violentos, mas tiveram sucesso limitado. Eles fizeram entretanto atrair a atenção internacional para a situação dos seringueiros. Infelizmente, os pecuaristas reagiram de forma muito violenta. Eles ainda usaram a polícia local para ameaçar, torturar e matar muitos dos membros do sindicato. No dia 21 de julho de 1980 Wilson foi assassinado

Seis dias após o assassinato do líder sindical Wilson Pinheiro de Souza, em 1980, Lula chegou ao Acre para participar de um ato de protesto contra a morte do sindicalista. Durante o discurso Lula afirmou: “Chega de contar mortos. Por que só caem aqueles que estão do nosso lado?”. A pergunta foi seqüenciada por uma frase histórica: “Está na hora da onça beber água”.

Esta frase de Lula, segundo os militares, teria sido a senha para que os seringueiros assassinassem o suspeito da morte do sindicalista, o capataz de fazenda Nilo Sérgio de Oliveira, o “Nilão” - que foi trucidado por mais de 50 tiros de espingardas disparadas a um só tempo por mãos de homens e mulheres. Daí, que Lula foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional, bem como Chico Mendes, por incitação à desordem e ao crime. Todos foram acusados de envolvimento na morte do capataz.

Pinheiro foi morto em 21 de junho de 1980 com um tiro na nuca, pelas costas, a mando de latifundiários. Estava reunido numa sala, com outros dirigentes do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Brasiléia. Além de presidente do sindicato, também presidia a Comissão Municipal do PT.

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